sábado, 3 de outubro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA SOMOS MEMBROS DINÂMICOS DO CORPO DE CRISTO

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 03/10/2020


SEGUNDA SEMANA – SÁBADO (Páginas 54 à 57)


Ler com oração:

Rm 12:5  

assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros.

SOMOS MEMBROS DINÂMICOS DO CORPO DE CRISTO



     Vejamos, agora, Romanos 12 : 4  Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função. O  Corpo de Cristo tem muito membros, e você, querido leitor, é um deles. Como membro, você é importante para o Corpo. O corpo humano tem muitos membros, e todos devem funcionar. Por exemplo, se por algum motivo o fígado parar de funcionar, todo o corpo será prejudicado. Esse é o princípio do Corpo de Cristo, todos os membros precisam estar saudáveis, buscando o crescimento em vida. 


    Como membros do Corpo, quando somos encarregados de realizar algum serviço, devemos fazê-lo com excelência. Muitas vezes, começamos algo e paramos. O serviço a Deus não pode parar, precisa de continuidade. Também precisamos aprender a incluir os irmãos nos serviços. Todos devem ser incluídos: irmãos, irmãs, jovens e idosos. A inclusão é muito importante para a qualidade do serviço.


     Leiamos Provérbios 20:29: O ornato dos jovens é a sua força, e a beleza dos velhos, as suas cãs. Uma das características dos jovens é a força, e eles devem empregá-la no serviço ao Senhor. Os jovens são o exército da igreja. Os mais velhos têm a seu favor a experiência e a maturidade. Eles são responsáveis pela direção e pela supervisão da obra de Deus, e utilizam sua experiência e seu conhecimento de Deus para que as igrejas não se desviem da linha central da revelação divina. Contudo não possuem a energia e a força de outrora. Então, os jovens colaboram com sua energia, força e dinamismo. Hoje, os jovens são muito criativos, estão sempre inovando. Deus usa essa mescla a favor do Seu Corpo, com inclusão, entusiasmo e excelência. 


    Se você acha que, na igreja, não há lugar para você servir, pois, aparentemente, em todos os serviços há irmãos servindo, você está enganado. Pregar o evangelho é servir o Senhor, e todos devem fazê-lo. Ele nos deu muitas ferramentas para servi-Lo, mencionadas nos capítulos 1 e 5 deste livro. 


O USO DOS DONS NO CORPO 


    Ainda sobre o Corpo de Cristo, em Romanos 12:5-6, lemos: Assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé. O que torna a vida da igreja dinâmica é o exercício dos dons. Todos nós temos dons. Mesmo que eu tenha um dom diferente do seu, o importante é exercitar os dons que recebemos. 


    O dom é uma habilidade, um dote natural. Quando nos convertemos, o Espírito Santo nos concedeu dons como Lhe aprouve (1 Co 12:4, 7-11). Agora, cabe a nós exercitá-los. Quando exercitamos os dons, recebemos graça (Ef 4:7). A graça refere-se ao trabalhar de Deus em nós por meio do Seu Filho. Não tenhamos medo de exercitar nossos dons, pois, quanto mais os exercitamos, mais graça ganharemos.


     Em Romanos 12, temos os dons da graça, os dons da vida (v. 6). Resumindo, na igreja temos três aspectos do ministério: o ministério da Palavra, o ministério dos serviços e o ministério das ofertas de riquezas materiais. Nesse capítulo de Romanos, encontramos esses três aspectos do ministério. No versículo 6 é dito: “Segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé”. Esse trecho está relacionado ao ministério da Palavra. Não importa o tamanho da sua fé, se você recebeu o dom de profetizar, profetize.


     Nos versículos seguintes, lemos: “Se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria” (Rm 12:7-8). A palavra “ministério”, no versículo 7, é diakonia em grego, e refere-se ao serviço dos diáconos. Esse trecho corresponde ao ministério dos serviços. Os irmãos que servem, devem servir com dedicação, como mencionado anteriormente; ou seja, quando começarem a executar algum serviço, devem terminar. É preciso diligência para servir ao Senhor. 


    No versículo 8, vemos o ministério das ofertas de riquezas materiais: “O que contribui, com liberalidade”. Aqui, “contribuir” quer dizer ofertar. Na vida da igreja, temos a oportunidade de ofertar para as necessidades locais e para a obra em diversas regiões, especialmente no exterior. Ao ofertar, lembremo-nos, principalmente, dos irmãos que deixaram suas famílias para pregar o evangelho em outros países.


     A principal característica de um ministro de oferta de riquezas materiais é a liberalidade, pois seu coração não está preso ao dinheiro. Ele oferta de maneira generosa, pois conhece a origem do seu dinheiro e sabe qual deve ser seu destino.


    Ainda nesse versículo, lemos: “O que preside, com diligência” (Rm 12:8). Esse trecho refere-se aos presbíteros, os irmãos responsáveis. Eles precisam tratar os assuntos da igreja com diligência. Em 1 Pedro 5:1-4, lemos: “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”. 


   Vejamos, agora, o último dom mencionado nessa passagem: “Quem exerce misericórdia, com alegria” (Rm 12:8). Exercer misericórdia é um dom. Mas nem todos têm esse dom. Às vezes, por possuir um padrão moral elevado, torna-se difícil exercer misericórdia. Contudo, graças ao Senhor, no Corpo, há os que exortam, mas também há os que exercem misericórdia, para que haja equilíbrio. Tudo funciona em perfeita harmonia no Corpo de Cristo.


    Querido leitor, vimos quão importante é o nome do Senhor na vida da igreja. Sem esse Nome, não há como desenvolver nossa salvação. Diante das ricas experiências que temos com o nome do Senhor, precisamos dar-nos conta de que devemos pregar o evangelho. Os que pregam o evangelho têm os pés formosos. Além disso, os que foram alcançados pela pregação devem ser incluídos na vida da igreja. Nesse ambiente, temos as condições necessárias para crescer e amadurecer, exercitando nossos dons para a edificação mútua dos membros do Corpo de Cristo.


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A VIDA DA IGREJA: UM NOVO VIVER

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 02/10/2020


SEGUNDA SEMANA – SEXTA-FEIRA (Páginas 51 à 54)


Ler com oração:

Rm 12:2  E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.


A VIDA DA IGREJA: UM NOVO VIVER 


    Em Romanos 12:1, Paulo mostra a importância do nosso corpo no serviço a Deus; no versículo 2, destaca a importância da nossa mente, que é a parte líder da alma, nesse serviço: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. A vida da igreja é uma vida totalmente nova, guiada pelo Espírito. Nela, não há nada do mundo, por isso nascemos de novo e nos tornamos um novo homem (Ef 2:15). Sendo assim, nosso conceito precisa mudar também. Nosso pensamento, que era antigo, precisa ser renovado. Se tentarmos introduzir nossa velha maneira na vida da igreja, isso só atrapalhará. Por isso Romanos 12:2 inicia dizendo: “Não vos conformeis com este século”. Não podemos trazer a forma do mundo para a igreja. 


    A palavra grega para “século” é aion. Satanás, a todo momento, vem com uma novidade para nos atrair. Ele quer que nos conformemos com este século e, para isso, usa a nossa mente para aceitarmos as práticas do mundo como algo normal. O mundo deixou, há muito tempo, de glorificar a Deus e de dar-Lhe graças. Nós, porém, na vida da igreja, glorificamos a Deus e Lhe rendemos graças por tudo (Ef 5:20). 


    Precisamos reverenciar a Deus, dando-Lhe toda a honra e toda a glória. Ele deve ser o primeiro em nossa vida. Em tudo, devemos dar a primazia a Ele. E não apenas isso, também devemos aprender a dar graças a Deus em qualquer situação. Normalmente, damos graças a Deus nas situações favoráveis e reclamamos nas situações adversas. Essa postura é igual à do povo de Israel no deserto. Experimente dar graças a Deus quando tudo parece dar errado. Talvez a situação não mude imediatamente, mas seu interior se encherá de gozo e paz. 


    Na Bíblia, há vários versículos que falam sobre temer a Deus (2 Cr 19:7; Jó 1:8; Sl 111:10; Pv 15:16; 2 Co 7:1). Isso não significa que devemos ter medo de Deus, e sim reverência, respeito, pois é dessa maneira que O serviremos adequadamente. Ainda sobre esse assunto, leiamos Hebreus 12:28-29: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor”.


TRANSFORMA-VOS  PEL A RENOVAÇÃO DA VOSSA MENTE

 

    Vejamos como nosso envolvimento e comprometimento com a vida normal da igreja pode promover uma mudança em nossa mente. Em Romanos 12:2, lemos: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Esse processo de não se moldar ao mundo, para alguns, talvez seja difícil. A melhor maneira de fazer isso é oferecer o corpo para servir ao Senhor e, cada vez mais, se conectar à vida da igreja. Assim, nossa mente será renovada, e deixaremos de ter prazer nas coisas do mundo. Quem já teve essa experiência pode testemunhar que, no início, amava determinadas coisas do mundo; hoje, porém, após um tempo vivendo a vida da igreja de forma ativa, já não sente falta delas. Essa é a maneira prática de ter a mente renovada constantemente.


     Deus quer transformar-nos, infundindo mais da Sua natureza e da Sua glória em nós (2 Co 3:18; 2 Pe 1:3-4). A vida da igreja é o ambiente adequado para nosso crescimento de vida e para nossa transformação. Quanto mais vivermos a vida da igreja, mais renovada será nossa mente e mais transformados seremos. 


    A renovação da mente é muito importante para a nossa transformação, pois é a mente que escolherá se inclinar para a carne ou para o espírito (Rm 8:5-6). Queremos viver na lei do pecado e da morte ou na lei do Espírito da vida? Nossa mente está acostumada a pender para a carne, por isso ela precisa ser renovada. Invocar o nome do Senhor nos ajuda a colocar a mente no espírito (1 Co 12:3). 


    À medida que ocorre a renovação da nossa mente, experimentamos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Segundo Paulo, o homem natural não entende as coisas de Deus porque elas se discernem espiritualmente (1 Co 2:14). Assim, se permanecermos no velho homem, sendo governados pela mente caída, nunca conseguiremos compreender a vontade de Deus. Todavia, conforme ocorre a renovação da nossa mente, a vontade de Deus fica mais clara para nós a ponto de não querermos trocá-la por nada.


 NÃO PENSE  DE SI MESMO ALÉM DO QUE  CONVÊM 


    Em Romanos 12:3, lemos: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Esse é um aspecto importante no viver da igreja, pois muitos problemas ocorrem porque, normalmente, pensamos de nós mesmos além do que convém. 


    Em Filipenses 2, Paulo fala algo semelhante. No versículo 1, ele diz: “Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias”. O termo “entranhados afetos e misericórdias”, em grego, é splangchnon. Essa é uma das características da humanidade elevada de Cristo. Na vida da igreja, para ter um relacionamento saudável com os irmãos, precisamos viver pelo splangchnon de Cristo, ou seja, pelos Seus “entranhados afetos e misericórdias”, e não pelo sentimento natural, do velho homem. 


    Nosso sentimento é egoísta e separatista. Somos muito seletivos. Normalmente, gostamos das pessoas que nos agradam, amamos quem nos ama e deixamos de lado aqueles com quem não temos tanta intimidade. Em nosso ser natural, queremos sempre misericórdia para nós e justiça para os outros. Precisamos do splangchnon de Cristo para que nossa humanidade seja elevada; assim, teremos mais compaixão uns dos outros. 


    O Senhor Jesus se compadece de nós. O termo “compadecer-se” significa sofrer junto. Ter compaixão é ter empatia pela pessoa, colocando-se no lugar dela. Foi o que o Senhor Jesus fez (Jo 2:25). Ele é nosso sumo sacerdote e conhece muito bem nossa situação, por isso pode compadecer-se de nós (Hb 4:14-15). Quando erramos, Ele não nos corrige com uma vara; antes, é compassivo para conosco, pois Ele mesmo foi tentado em todas as coisas e conhece nossas dificuldades em vencer determinadas situações. 


    Precisamos seguir o exemplo do Senhor Jesus. Se Ele é compassivo para conosco, devemos também ser compassivos para com os irmãos. Em Mateus 18, há uma parábola que serve de lição para nós. Segundo essa parábola, um servo teve sua grande dívida perdoada pelo rei, mas não foi capaz de perdoar uma pequena dívida de seu conservo (vs. 23-35). Quando o rei ficou sabendo disso, disse-lhe: “Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?” (vs. 32-33). O servo, então, foi lançado na prisão até pagar toda a dívida (vs. 34-35). Se fomos alvo da compaixão de Cristo, por que relutamos em compadecer-nos dos outros? Por que criticamos, murmuramos e reclamamos? Porque ainda pensamos de nós mesmos além do que convém.


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA LEVAR O NOME DE JESUS AS PESSOAS

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 01/10/2020


SEGUNDA SEMANA – QUINTA-FEIRA (Páginas 47 à 51)


Ler com oração:

Rm 12:1  

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.


LEVAR  O  NOME  DE  JESUS  AS  PESSOAS 


    Se lermos atentamente os versículos de Romanos 10, veremos que o encargo de Paulo era levar o nome do Senhor a todas as pessoas, inclusive aos judeus. Como vimos, toda vez que invocamos o nome do Senhor, desfrutamos de Suas riquezas. Contudo essas riquezas não são apenas para nosso desfrute pessoal; precisamos pregar o evangelho, levando esse Nome a todos. As pessoas estão esperando por nós: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10:14-15). Por que esse versículo menciona os pés, e não a boca? Porque fomos enviados para pregar o evangelho, logo, precisamos sair às ruas, ou seja, usar nossos pés. Essa é nossa responsabilidade. 


A VIDA DA IGREJA É DINÂMICA


    Após serem salvas pela pregação do evangelho, as pessoas precisam de um ambiente adequado para crescer espiritualmente. Deus preparou esse lugar, a igreja (1 Co 1:2). A partir do capítulo 12 de Romanos, Paulo mostra como a vida da igreja é dinâmica. A igreja é nosso viver, por isso a chamamos de “vida da igreja”. Porém essa vida não é parada, passiva. A vida da igreja é ativa, dinâmica; e vai além do viver de reuniões.


     A igreja é o melhor ambiente para que a vida de Deus cresça em nós. No entanto a vida da igreja não é um “mar de rosas”, pois nela, muitas vezes, experimentamos a morte de Cristo (Cl 1:24), mas também experimentamos o poder de Sua ressurreição (Fp 3:10). Além disso, não podemos rejeitar nenhum membro escolhido pelo Senhor.


    Esse é o lugar em que o Senhor nos colocou após sermos salvos, por isso precisamos participar das reuniões com entusiasmo. A igreja se opõe ao mundo, portanto não devemos trazer as coisas do mundo para a igreja. 


    Em João 17, vemos a oração de Jesus para que o Pai nos guarde Nele, pois, embora não sejamos do mundo, ainda estamos no mundo (vs. 9-18). Estamos aqui para ser testemunhas do Senhor. Essa é nossa função. Não somos do mundo, portanto não devemos viver segundo ele. 


Os ASPETOS  DA VIDA  DA iIGREJA 


     Em Romanos 12:1, Paulo diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Nessa porção de Romanos, Paulo começa a falar sobre a vida prática da igreja, a vida do Corpo. 


    A vida do Corpo é a vida da igreja, que engloba todos os aspectos da nossa vida, não só a vida de reuniões, mas também o viver familiar e o viver social. As reuniões são muito importantes; não podemos menosprezá-las, mesmo que haja poucas pessoas (Hb 10:25). Lembremos que, onde estiverem dois ou três reunidos no nome do Senhor, ali Ele estará no meio deles (Mt 18:20). 


    No primeiro capítulo, vimos que a vida da igreja também inclui o viver familiar. Nosso relacionamento com nossos familiares deve basear-se nos princípios da vida da igreja, para expressar Cristo. Se criarmos nossos filhos nesse ambiente, eles espontaneamente seguirão nosso exemplo, vivendo a vida da igreja e sendo úteis ao Senhor. 


    A vida da igreja deve fazer parte da nossa vida social. Em nosso dia a dia, contatamos muitas pessoas, por isso precisamos levar essa vida maravilhosa da igreja para os lugares que frequentamos, a fim de que as pessoas com quem nos relacionamos, conheçam esse viver maravilhoso. 


A IMPORTÂNCIA DE APRESENTAR NOS SO CORPO


     Voltemos a Romanos 12:1. Por que Paulo utiliza a expressão “rogo-vos” nesse versículo? Porque ele sabe que temos dificuldade de praticar a palavra de Deus, por isso roga pelas misericórdias de Deus. No capítulo 9 de Romanos, Paulo já havia dito que Deus tem misericórdia de quem Lhe aprouver ter misericórdia; portanto não depende de quem quer ou de quem corre (vs. 15-16). Nossa condição, antes de receber a salvação de Deus, era deplorável; mas, ainda assim, Ele quis ter misericórdia de nós, e nos deu Sua graça a fim de salvar-nos. Baseado nessa misericórdia que nos alcançou, o apóstolo Paulo roga que apresentemos nosso corpo a Deus. 


    No Antigo Testamento, o animal ofertado era imolado no altar do holocausto. Ele era cortado em pedaços e colocado sobre o altar para ser queimado pelo fogo; com isso, um aroma agradável subia a Deus. Ao sentir o aroma, Deus aceitava aquela oferta. Nós também precisamos apresentar-nos diante de Deus como um sacrifício vivo. 


    Por que, nesse versículo, Paulo fala do corpo, e não do espírito ou da alma? Leiamos 1 Coríntios 6:13: “Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo”. Assim, nosso corpo é para o Senhor, e o Senhor, para nosso corpo. Portanto precisamos fugir das coisas pecaminosas. 


    Além disso, nosso corpo é membro de Cristo. Vejamos: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo” (1 Co 6:15-18). 


    Nosso corpo também é santuário do Espírito Santo: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Co 6:19). Preste atenção à última frase: “E que não sois de vós mesmos?”. Se não somos de nós mesmos, devemos apresentar-nos a Deus.


     Na sequência lemos: “Fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (v. 20). Perceberam a importância do nosso corpo? Precisamos mantê-lo santo, separado para Deus e para a Sua obra; e a melhor forma de fazer isso é oferecendo-o como sacrifício vivo ao Senhor. 


    Em 1 Coríntios 9:27, Paulo diz: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. O que Paulo quis dizer com isso? Por exemplo, domingo de manhã, o despertador toca para você acordar para ir à reunião, mas o dia está frio, e a cama, quente. Então, qual é a vontade do seu corpo? Certamente, de ficar em casa, dormindo até mais tarde. Nosso corpo está sempre em busca de conforto. O corpo de Paulo também era assim, por isso ele o esmurrava. Esse esmurrar não é ficar socando o corpo fisicamente, mas, utilizando o exemplo acima, é obrigá-lo a se levantar da cama e ir para a reunião, onde ele será útil ao Senhor. 


    “Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo” (2 Co 4:10). Nosso corpo precisa ter as marcas de Cristo. Por isso devemos esmurrá-lo e levá-lo à morte, para que a vida de Cristo se manifeste nele. Se não há marcas da morte de Cristo em nosso corpo, é um sinal de que estamos sendo dominados por ele em vez de dominá-lo. 


    Em Romanos, Paulo usa duas expressões: “corpo do pecado” (6:6) e “corpo desta morte” (7:24). O “corpo do pecado” impulsiona nosso corpo a pecar, enquanto o “corpo desta morte” trabalha contra a nossa vontade de servir ao Senhor. Sempre que queremos fazer algo espiritual, como orar, ler a Bíblia, pregar o evangelho e ir às reuniões, o “corpo desta morte” se manifesta, e sentimos cansaço, preguiça e sono. Contudo, se no mesmo instante alguém nos chamar para fazer algo que agrada nossa carne, o “corpo do pecado” se levanta, e todo cansaço, preguiça e sono desaparecem. Por isso precisamos, muitas vezes, esmurrar nosso corpo, reduzindo-o à escravidão. Fazendo assim, exibiremos as marcas de Cristo, e Sua vida se manifestará em nosso corpo.


     “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5:10). Quando o Senhor voltar, em Seu tribunal, seremos julgados segundo o que tivermos feito com nosso corpo. Agora compreendemos o rogo do apóstolo Paulo em Romanos 12:1, que termina afirmando que esse é nosso culto, ou serviço, racional. Portanto a melhor forma de servir a Deus é oferecer-Lhe nosso corpo.


quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O CORAÇÃO DA BÍBLIA A VIDA DINÂMICA DA IGREJA

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 30/09/2020


SEGUNDA SEMANA – QUARTA-FEIRA (Páginas 43 à 47)


Ler com oração:

Rm 10:13  porque "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo".


      Capítulo três 

 

A VIDA DINÂMICA DA IGREJA

    Na história de Abraão, vimos que ele foi justificado pela fé (Gn 15:6; Rm 4:3; Gl 3:6); agora, para entender como a salvação de Deus se aplica a nós, veremos, no capítulo 10 de Romanos, o encargo de Paulo pelo evangelho. Os que foram justificados pela fé e pregam o evangelho precisam de um ambiente adequado para crescer até atingir a maturidade. Por isso, neste capítulo, também veremos Romanos 12, que fala sobre a vida dinâmica da igreja. 


    No início de Romanos 10, Paulo abre seu coração e fala com pesar sobre os judeus. Seu desejo era que eles também recebessem a salvação: “Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles são para que sejam salvos. Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (vs. 1-3). Nesses versículos, fica claro o desespero de Paulo para mostrar ao povo de Israel que o homem não é justificado por obras da lei, mas pela fé (Gl 2:16; Rm 3:20; 5:1-2).


     No versículo 4, é dito: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10). Isso significa que, antes de Cristo, nenhum homem conseguiu cumprir a lei. Somente Ele a cumpriu e lhe pôs fim. Por isso Paulo diz que o fim da lei é Cristo. Hoje, somos justificados pela fé, e não mais pela lei. 


  A HUMANIDADE PERFEITA DE CRISTO 



    Em Romanos 10:5-7, lemos: “Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela. Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo; ou: quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos”. Nesses versículos, vemos a encarnação de Cristo, Seu viver humano, Sua morte, Sua ressurreição e, por fim, Sua ascensão. Deus aprovou o sacrifício de Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos (At 2:32-33).

     Em Atos 13:33, lemos: “Como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Mas Jesus já não era Filho de Deus? Sim! Porém, através da ressurreição, Sua humanidade foi aprovada por Deus e introduzida na divindade. Se Deus não tivesse aprovado Seu viver humano e Seu sacrifício na cruz, não teria ressuscitado o Senhor Jesus dentre os mortos. Diante disso, a ressurreição é uma evidência de que a obra de Cristo foi aprovada por Deus Pai.

 

Confessar com a boca e crer com o coração 

    Em Romanos 10:8, lemos: “Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos”. Aqui, Paulo estava pregando o evangelho para os judeus. Essa palavra que está perto de nós é o próprio Cristo (Jo 1:1). Você quer ser justificado? Basta crer. Paulo mostra que crer é algo simples, uma vez que Cristo, como a Palavra, está perto de nós, na nossa boca e no nosso coração. Essa é a palavra da fé que pregamos. Vocês acham que pregar o evangelho é difícil? Que é necessário saber a Bíblia toda, de Gênesis a Apocalipse? Aqui, vemos que é algo muito mais simples. 


    Prosseguindo em Romanos 10, vejamos como é simples receber a salvação em Cristo Jesus: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (vs. 9-10). Esses versículos mostram que antes devemos confessar com a boca e, depois, crer com o coração. Quando pregamos o evangelho, devemos levar as pessoas a invocar o nome do Senhor, pois, se invocarem, seu coração também crerá. 


INVOCAR O NOME  DO SENHOR SALVAÇÃO E RIQUEZA 



    Os versículos a seguir, mostram o caminho prático para sermos salvos e enriquecidos espiritualmente: “Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm 10:11-12). Quando invocamos o nome do Senhor, recebemos a salvação e somos introduzidos em uma nova família: a igreja. Nessa família, não importa a raça, a classe ou a condição, uma vez que Cristo é o Senhor de todos, rico para com todos os que O invocam. Quanto mais você O invoca, mais rico Ele se torna. Você não precisa buscar desfrute, alegria e felicidade no mundo, pois tudo isso está nesse Nome. O nome de Jesus está acima de todas as coisas, e podemos invocá-lo em toda e qualquer situação. 


    Veremos, agora, alguns versículos sobre invocar o nome do Senhor. Leiamos Deuteronômio 4:7: “Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?”. Quando invocamos o nome do Senhor, Ele se achega a nós. Leiamos, também, Salmos 86:5: “Pois tu, Senhor, és bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que te invocam”. Podemos desfrutar as riquezas de Cristo, invocando esse precioso Nome. O Senhor é bom, compassivo e abundante em benignidade para com todos os que O invocam. 


    Continuando: “Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver. [...] Então, invoquei o nome do Senhor: ó Senhor, livra-me a alma. [...] Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor” (Sl 116:2, 4, 13). Querido leitor, nos momentos de angústia e tristeza, devemos invocar o nome do Senhor.


     Igualmente, quando estamos alegres, devemos invocar: “Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação. Direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome” (Is 12:3-4).

     Em Atos 7:59-60, lemos: “E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu”. Se estivéssemos no lugar de Estêvão, qual seria nossa reação? Certamente, ficaríamos com raiva daquelas pessoas. Todavia o sentimento dele foi de misericórdia, pois orou pelos que o apedrejavam. Aqui, vemos a realidade do que o Senhor falou em Mateus 5:39: “Mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra”. Somente os que invocam o nome do Senhor conseguem ter essa reação. 


    Vejamos o que Paulo escreveu aos coríntios: “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Co 1:2). Os cristãos do Novo Testamento tinham a prática de invocar o nome do Senhor. Eles invocavam em qualquer lugar, sem restrição ou constrangimento. O próprio Paulo, antes de se converter, perseguia os que invocavam o nome do Senhor (At 9:13-14), que é a principal característica de um cristão. Que possamos invocar o nome do Senhor várias vezes durante todo o dia. 


PREGAR O EVANGELHO PARA EXPANDIR O REINO DE DEUS


     O encargo de Paulo pelo evangelho era muito forte (1 Co 9:16-23). Ele tinha o desejo de visitar a igreja em Roma e de lá partir para a Espanha, para pregar o evangelho onde a palavra de Cristo ainda não havia sido anunciada (Rm 15:19-24). Precisamos ter esse espírito de pregar o evangelho em lugares que ainda não têm o testemunho de Cristo, para expandir o reino de Deus na terra.


     Em Lucas 4:17-19, lemos: “Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”. Há muitos pobres, cativos, cegos e oprimidos, espiritualmente, no mundo. Alguns podem ter uma condição social favorável, mas interiormente seu estado é lastimável. É nossa função levar a cura às pessoas por meio do evangelho (At 26:18). 

    O Senhor nos comissionou para pregar o evangelho: “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:18-20).


terça-feira, 29 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA O SENHOR ENCORAJA A ABRAÃO E LHE PROMETE UM FILHO

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 29/09/2020


SEGUNDA SEMANA – TERÇA-FEIRA (Páginas 39 à 42)


Ler com oração:

Gn 17:1  Quando Abrão estava com noventa e nove anos de idade o Senhor lhe apareceu e disse: "Eu sou o Deus todo-poderoso; ande segundo a minha vontade ­e seja íntegro.


O SENHOR ENCORAJA A ABRAÃO E LHE PROMETE UM FILHO


     Após esses acontecimentos, Deus voltou a aparecer para Abraão, reforçando a promessa da descendência: “A isto respondeu logo o Senhor, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro. Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade. Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn 15:4-6). 


A mulher de Abraão era estéril e já havia passado da idade de ter filhos. Porém, mesmo com tudo desfavorável, Abraão creu na palavra de Deus. Isso mostra que em nós mesmos não temos fé; é a palavra de Deus que gera a fé em nós e nos leva a crer. Foi essa fé, gerada pelo falar do Senhor, que foi imputada a Abraão por justiça. 


    Apesar dessa demonstração de fé, Abraão ainda precisava aprender a lidar com sua carne, com seu ego. A carne sempre quer fazer algo para ajudar a Deus, e foi exatamente essa a experiência registrada no capítulo 16 de Gênesis. Sara, sua mulher, resolveu “ajudar” e ofereceu sua serva, Agar, para dar um filho a Abraão (vs. 1-4). Esse é um exemplo de que nossa carne quer ajudar a Deus. Ele, no entanto, não precisa de nossa ajuda. 


    No versículo 16, vemos que Abraão tinha oitenta e seis anos quando Agar lhe deu à luz Ismael. Esse é o último versículo do capítulo 16. Em Gênesis 17:1, lemos: “Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Na história de Abraão, vemos diversos registros das aparições de Deus a ele. Contudo, após esse erro, passaram-se treze anos, e não há registro da aparição de Deus nesse período. Por confiar na carne, Abraão perdeu a presença do Senhor.


     Como vimos, em Gênesis 17 temos a quarta aparição de Deus a Abraão. Dessa vez, o Senhor apareceu a ele como o El Shadai, o Deus todo-poderoso. Essa palavra também pode ser traduzida como “Deus todo-suficiente”. Ele é nosso provedor. Tudo o que precisamos, Deus é. Não precisamos recorrer a nenhum artifício, somente a Deus. Essa foi a lição que o Senhor ensinou a Abraão em Sua aparição, pois ele se havia esquecido de quem Deus é quando aceitou a proposta de Sara. Então, o Senhor lhe apareceu e lembrou que Ele é o El Shadai. 


    Após a quarta aparição, Deus fez uma aliança com Abraão, prometendo multiplicar extraordinariamente sua descendência (Gn 17:2-8). Nos versículos 15 a 22, o Senhor volta a encorajar Abraão e reforça Sua promessa, dizendo que o filho que ele teria com Sara, Isaque, seria seu herdeiro, e com ele Deus faria Sua aliança (vs. 16, 19). Ao ouvir isso, Abraão se prostrou em terra e riu, pois ele e Sara já estavam com a idade avançada (v. 17). Olhar para as circunstâncias é sempre um obstáculo para nossa fé e faz brotar dúvidas em nosso coração, como aconteceu com Abraão. Aqui, a fé de Abraão e de Sara ainda não era forte o suficiente; mas, cada vez que ouviam o falar de Deus, sua fé se fortalecia um pouco mais. 


    No início do capítulo 18 de Gênesis, vemos mais uma aparição do Senhor a Abraão (vs. 1-21). Nessa visita, o Senhor disse que voltaria dali a um ano, e Sara daria à luz um filho. Ela estava dentro da tenda, ouvindo a conversa, e riu no seu interior por causa da sua idade e da idade de Abraão. O Senhor, então, perguntou: “Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha? Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho” (vs. 13-14). Não há nada que seja demasiadamente difícil para Deus. Ele pode fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3:20). O problema é que nossos pensamentos ficam condicionados às coisas terrenas. Precisamos mudar nossa oração. Não queremos limitar o Senhor. Muitas vezes, nossa oração é influenciada pela limitação humana. Por isso precisamos exercitar nossa fé. 


ABRAÃO INTERCEDE A DEUS POR LÓ:

 A DESTRUIÇÃO DE  SODOMA



     Ao final da conversa, o Senhor resolveu compartilhar com Abraão o que faria com Sodoma (Gn 18:16-21). Após descobrir que Deus destruiria a cidade, Abraão começou a interceder por Ló. Esse é o coração que devemos ter: interceder pelos nossos irmãos. Abraão, então, iniciou uma espécie de negociação com o Senhor. Ele começou dizendo: “Se houver, porventura, cinquenta justos na cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o lugar por amor dos cinquenta justos que nela se encontram?” (Gn 18:24). O Senhor respondeu que, se achasse cinquenta justos, pouparia a cidade por causa deles (v. 26). Então Abraão foi diminuindo a quantidade até chegar a dez justos, e o Senhor confirmou que, se houvesse dez justos na cidade, não a destruiria por causa deles (v. 32).


    O capítulo 19 de Gênesis conta o final da história de Ló. Os anjos foram a Sodoma e tiraram Ló, sua mulher e suas filhas de lá, antes de destruírem a cidade (vs. 1-17). Contudo, ao olhar para trás, ignorando a advertência dos anjos, a mulher de Ló virou uma estátua de sal (v. 26). Depois, as duas filhas de Ló, achando que ficariam sem descendência, resolveram ter filhos com o próprio pai. Dessa união incestuosa surgiram os povos de Moabe e Amom (vs. 30-38). Tudo isso ocorreu porque Ló escolheu apartar-se de Abraão. Devemos tomar muito cuidado com nossas escolhas, principalmente se elas nos afastarem de Deus. 


O ÚLTIMO  TESTE  DE ABRAÃO: 

OFERTAR  SEU   FILHO  ISAQUE


     Após o nascimento de Isaque (Gn 21), Deus deu o último teste a Abraão, e o mais difícil. Em Gênesis 22, lemos: “Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei” (vs. 1-2). Você aguentaria algo assim? Vemos aqui, claramente, uma figura de como Deus se sentiu quando enviou Seu único Filho para morrer por nós.


    Mesmo diante de um pedido tão difícil, Abraão creu e obedeceu (Gn 22:3-10). Quando Isaque lhe perguntou onde estava o cordeiro para o holocausto, ele respondeu: “Deus proverá” (v. 8). Abraão acreditava que Deus poderia ressuscitar seu filho dentre os mortos (Hb 11:19). Em Romanos 4:17, lemos: “Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem”. Uma vez que a palavra de Deus dizia que em Isaque seria chamada a sua descendência, Abraão creu que Deus o ressuscitaria dentre os mortos; por isso Lhe obedeceu nessa tarefa tão difícil. No final, Isaque foi poupado, porque a fé de Abraão tornou aquela promessa real (Gn 22:11, 12, 16). Isaque foi, figuradamente, morto e ressuscitado. 


    Abraão creu e obedeceu, sua fé lhe foi imputada por justiça, e sua descendência foi abençoada (Rm 4:3; Gn 22:17-18). Hoje, a bênção de Abraão, o Espírito prometido, chegou a todos os filhos de Deus (Gl 3:14). Que possamos crer na palavra de Deus e obedecer-lhe; assim, seremos justificados pela fé e abençoados.


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA OS DOIS CHAMAMENTOS DE ABRAÃO

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 28/09/2020



SEGUNDA SEMANA –  SEGUNDA-FEIRA (Páginas 35 à 39)


Ler com oração:

Gn 12:1  Então o Senhor disse a Abrão: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.


OS DOIS CHAMAMENTOS DE ABRAÃO 


    Leiamos Gênesis 11:31-32: “Tomou Tera a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; foram até Harã, onde ficaram. E, havendo Tera vivido duzentos e cinco anos ao todo, morreu em Harã”. Agora, vejamos Atos 7:2: “Estêvão respondeu: Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã”. Aqui, Estêvão afirma que o “Deus da Glória” apareceu para Abraão quando ele estava na Mesopotâmia, ou seja, em Ur dos caldeus.

     Foi o pai de Abraão, Tera, que o levou para Harã (Gn 11:31). Antes disso, Deus havia aparecido a Abraão pela primeira vez e dito: “Sai da tua terra e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei. Então, saiu da terra dos caldeus e foi habitar em Harã. E dali, com a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais” (At 7:3-4). Vemos, aqui, que o Deus da Glória já havia aparecido a Abraão, pedindo para ele sair de Ur dos caldeus, mas ele não saiu. Abraão ainda não cria na palavra de Deus, não tinha fé alguma, por isso ficou ali parado. Foi necessário seu pai sair, levando toda a família, para Abraão ir embora daquela terra. 

     Em Gênesis 12:1, lemos: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei”. Essa foi a segunda aparição de Deus a Abraão. Ele acrescentou algo no segundo chamamento: “Sai da casa de teu pai”. Abraão somente saiu de Ur dos caldeus porque seu pai levou toda a família. Ele não tinha forças para deixar sua família, por isso se escorou em seu pai e permaneceu em Harã até a morte dele. Após a morte do pai de Abraão, Deus apareceu novamente para chamá-lo. Na segunda aparição de Deus, a fé de Abraão aumentou um pouco mais.

     Quando Deus fala conosco, nossa fé aumenta. A fé de Abraão não veio de uma só vez, e sim à medida que Deus falava com ele. A fé vem por ouvirmos a Palavra (Rm 10:17), por isso, em nosso viver, não devemos negligenciá-la. Deus fala conosco nas reuniões da igreja, nas conferências e na leitura dos livros espirituais. Se ouvirmos Sua palavra, nossa fé crescerá mais e mais. 

    Em Gênesis 12:4, vemos, finalmente, que Abraão saiu: “Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã”. Deus tinha dito a Abraão para sair apenas com sua mulher, mas ele, ainda muito apegado à família, levou consigo a Ló, seu sobrinho. Mais adiante, lemos: “Atravessou Abrão a terra até Siquém, até ao carvalho de Moré. Nesse tempo os cananeus habitavam essa terra. Apareceu o Senhor a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao Senhor, que lhe aparecera” (Gn 12:6-7). Essa foi a terceira aparição de Deus a Abraão, e sua reação espontânea foi edificar um altar ao Senhor. Sempre que o Senhor aparece para nós, nossa fé aumenta, e nos consagramos mais a Ele. Uma característica marcante de Abraão era ter uma vida de altar e tenda, sempre invocando o nome do Senhor (Gn 12:8; 13:3-4). Sua vida foi para servir ao Senhor. Que todos nós possamos ter esse viver. 


 UMA IMPORTANTE LIÇÃO COM A SEPARAÇÃO DE LÓ

         


    Em Gênesis 13:1, lemos: “Saiu, pois, Abrão do Egito para o Neguebe, ele e sua mulher e tudo o que tinha, e Ló com ele”. Deus abençoou muito a Abraão, e, por estar junto dele, Ló também foi beneficiado. A terra onde estavam já não comportava os bens que eles possuíam, conforme lemos: “Ló, que ia com Abrão, também tinha rebanhos, gado e tendas.


 E a terra não podia sustentá-los, para que habitassem juntos, porque eram muitos os seus bens; de sorte que não podiam habitar um na companhia do outro” (vs. 5-6). Abraão, então, disse a Ló: “Acaso, não está diante de ti toda a terra? Peço-te que te apartes de mim; se fores para a esquerda, irei para a direita; se fores para a direita, irei para a esquerda” (v. 9). Nesse momento, Abraão já estava mais maduro, e sua fé havia aumentado um pouco mais. Podemos fazer essa afirmação pelo fato de Abraão ter dado a Ló a preferência para escolher a terra. Isso indica que ele tinha total confiança que Deus o guiaria pelo melhor caminho, mesmo escolhendo por último. Você acha que Abraão deixaria Ló escolher primeiro se ele tivesse no início de sua experiência com Deus? Provavelmente não. Isso só aconteceu porque Abraão aprendeu a confiar no Senhor. 


    Sobre a escolha de Ló, em Gênesis 13:10, lemos: “Levantou Ló os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra), como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, como quem vai para Zoar”. Esse versículo mostra que, aparentemente, Ló havia feito uma boa escolha. Ele escolheu um lugar muito bonito, uma planície, sem montanhas. Contudo os versículos seguintes mostram que Ló foi armando suas tendas até chegar a Sodoma (Gn 13:12-13). 


Essa é uma grande lição para nós. Devemos tomar cuidado com nossas escolhas. Além disso, Ló não devia ter-se separado de Abraão, que era o representante de Deus naquele momento, aquele a quem Deus aparecia e com quem falava. Ló prosperou por estar junto de Abraão. Devemos estar sob a liderança daqueles que o Senhor colocou à nossa frente. Se acharmos que podemos fazer nossa própria obra ou seguir nosso próprio caminho, assim como Ló, tomaremos decisões precipitadas que custarão muito caro. 


    No início do capítulo 14 de Gênesis, houve uma guerra de quatro reis contra cinco reis (vs. 1-2). Os quatro reis venceram e levaram a população de Sodoma cativa, e Ló estava entre eles. Apesar de se haverem separado, Abraão amava seu sobrinho. Quando foi avisado de que Ló tinha sido levado cativo, saiu em seu resgate com apenas trezentos e dezoito homens. Ele lutou contra o exército dos quatro reis e saiu vitorioso dessa batalha, pois Deus estava com ele (vs. 14-17). Devemos ter o mesmo coração de Abraão, de lutar pelos irmãos. Porém Ló, em vez de arrepender-se e voltar para junto de Abraão, retornou a Sodoma. 


    Após essa vitória de Abraão, Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14:18), apareceu a ele com pão e vinho e o abençoou: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (vs. 19-20). Essa reação de Abraão, em dar o dízimo a Melquisedeque, foi algo totalmente espontâneo. Ele reconhecia que aquela vitória tinha sido dada por Deus. Da mesma forma, nós também devemos reconhecer que tudo vem de Deus, e não do nosso esforço natural. 


    Com respeito a Melquisedeque, em Hebreus 7:3, vemos que ele “não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote perpetuamente”. Ele era diferente de Arão, que representava o sacerdócio humano, terreno e limitado. Por isso o Senhor Jesus é o sumo sacerdote da ordem de Melquisedeque (Sl 110:4; Hb 7:21), pois é Ele que se compadece de nós perpetuamente (Hb 7:3; cf. 4:15).


domingo, 27 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA O SANGUE DOS ANIMAIS SIMBOLIZA O SANGUE DE CRISTO

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 27/09/2020


PRIMEIRA SEMANA – DOMINGO (Páginas 31 à 35)


Ler com oração:

Cl 2:14  e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz,


O SANGUE DOS ANIMAIS SIMBOLIZA O SANGUE DE CRISTO

           


     No Antigo Testamento era utilizado o sangue de animais como oferta pelo pecado. Contudo, em Hebreus, vemos que esse sangue não podia remover pecados (10:4), mas apenas cobri-los. E isso não é suficiente, pois é como jogar a sujeira para debaixo do tapete.


 Ninguém enxerga a sujeira, mas ela ainda está ali. Em Romanos, vemos que Deus tolerava os pecados anteriormente cometidos, tendo em vista o sacrifício futuro do Senhor Jesus (3:25-26). Todas essas “dívidas” eram como notas promissórias, que foram quitadas quando o Senhor Jesus morreu na cruz (Cl 2:14).


     João Batista disse a respeito do Senhor Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Ele não cobre, Ele remove o pecado. O Senhor pagou a dívida, resgatou a “nota promissória”. A propiciação feita pelo sangue de Jesus é maior que a expiação dos pecados feita pelo sangue de animais. 


    Fomos criados por Deus, por isso originalmente somos Dele. Contudo, quando o pecado entrou na humanidade, Satanás roubou o homem para si. Estávamos no império das trevas, mortos em nossos delitos e pecados (Cl 1:13; Ef 2:1-2). Éramos inimigos de Deus e estávamos debaixo de Sua ira (Jo 3:36; Rm 5:10; Cl 1:21). Mas o Senhor Jesus veio como homem e pagou um alto preço para nos resgatar, morrendo na cruz e derramando Seu precioso sangue (1 Pe 1:18-20). Hoje, temos paz com Deus, pois, com a morte de Cristo, nossa dívida foi paga, e fomos reconciliados com o Pai (Cl 1:22; Rm 5:1, 9-10). 


    Assim, com o sacrifício do Senhor Jesus e com Seu sangue, que está no propiciatório (Rm 3:25; Hb 9:23-28), Deus tornou-se propício a nós, pois esse sangue tem eficácia eterna. Ele é capaz de lavar os pecados que cometemos no passado e os que ainda vamos cometer. Uma vez que o problema do pecado foi resolvido, fomos reconciliados com Deus e podemos contemplar Sua glória (2 Co 3:18). 


CRER PARA SER JUSTIFICADO



     Com o sacrifício do Senhor Jesus, o Seu próprio sangue está no propiciatório, logo a lei não é mais necessária, pois a justificação não vem mais pelas obras da lei, e sim pela fé. Somos justificados pela fé em Cristo Jesus (Rm 5:1; 3:21-22).


     Na primeira parte do versículo 22 de Romanos 3, lemos: “Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo”. No original grego, a melhor tradução seria “a fé de Jesus Cristo” e não “a fé em Jesus Cristo”. Em Gálatas 2:20, lemos: “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus”. Mais uma vez, a tradução correta é “vivo pela fé do Filho de Deus”. A fé não é nossa, a fé é de Jesus. Em Hebreus 12:2, é dito: “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”. Esse versículo mostra que Jesus é o início (autor) e o fim (consumador) da fé. Quando invocamos: “Senhor Jesus!”, a fé de Cristo é transmitida a nós. E ela cresce à medida que recebemos a palavra de Deus, pois “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:17). 


    Ainda sobre a fé de Jesus, leiamos: “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10:12-14). É necessário que alguém pregue para que as pessoas obtenham a fé de Jesus. Continuando: “E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (v. 15). Por que esse versículo fala dos pés? Porque os pés são para andar, ou seja, para sair. Hoje estamos vivendo tempos de pandemia por conta da COVID-19, e, para conter a disseminação do vírus, a recomendação das autoridades sanitárias é o isolamento social. Mas, quando a situação voltar ao normal, não fiquemos parados em casa, saiamos para pregar o evangelho! 


   “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1:16-17). Aqui vemos que é de fé em fé. Hoje, um pouco de fé; amanhã, um pouco mais; depois, mais um pouco. Esse processo não pode parar até chegarmos à unidade da fé (Ef 4:13). Fomos justificados pela fé e, agora, devemos viver por ela. 


    A EXPERIÊNCIA DE ABRAÃO: JUSTIFICADO PELA FÉ 



    Vejamos, agora, a história de Abraão e sua experiência com a fé. A civilização, na época de Abraão, era extremamente idólatra, cultuando ídolos criados pelo próprio homem (Sl 115:4). Em Romanos 3:10-11, lemos: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus”. Foi nesse contexto que o Senhor chamou Abraão de Ur dos caldeus.


     Em sua época, Abraão foi o único que seguiu e obedeceu ao Senhor. Cada vez que Deus lhe aparecia e falava, sua fé se fortalecia. Abraão foi chamado por Deus para sair daquela terra idólatra e ir para uma terra que Ele lhe mostraria (Gn 12:1-3; At 7:1-4). Essa experiência é muito parecida com a nossa. A palavra “igreja”, no grego, é Ekklesia, formada por dois vocábulos, Ek, que significa fora, e Klesia, que quer dizer assembleia dos chamados; então, juntos, seria assembleia dos chamados para fora. Fomos chamados para fora deste sistema maligno, que é o mundo (Ef 2:1-2; 1 Jo 5:19). 


    Leiamos Gálatas 3:23-29: “Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa”. Esse trecho mostra que a função da lei era nos conduzir a Cristo. A lei foi dada por intermédio de Moisés, mas, antes dele, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Gn 15:6; Rm 4:3; Gl 3:6). Pela fé de Abraão na palavra de Deus, ele é considerado “o pai dos que têm fé” (Rm 4:11; Gl 3:7). Por isso, hoje, basta crer. Somos justificados mediante a fé em Cristo Jesus (Rm 5:1-2).


 A PROMESSA DE HERDAR A TERRA


     Leiamos Romanos 4:13-14: “Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa”. Aqui se diz: “a sua descendência”. Graças ao Senhor, somos a descendência de Abraão. Cabe a nós a promessa de herdar o mundo que há de vir (Hb 2:5). Mas como nos tornaremos herdeiros? Não é pela lei nem por obras feitas pelo nosso homem natural, e sim mediante a justiça da fé. Deixe que as pessoas briguem por esta terra; no fim, ela será dada a nós. 


    No Evangelho de Mateus, vemos como podemos herdar a terra: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (5:5). Hoje, no mundo, há muitas pessoas violentas, há guerras, com uns matando os outros para ganhar a terra. Diante disso, não precisamos fazer nada. Devemos apenas ser mansos, crer na justiça da fé, e, um dia, se perseverarmos até o fim, herdaremos a terra. Somos os reais herdeiros desta terra.


     Há três ocorrências no capítulo 4 de Romanos que mostram que, quando Abraão creu, isso lhe foi imputado para justiça. A primeira está no versículo 3: “Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. A segunda está no versículo 9: “Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão para justiça”. E a terceira está no versículo 11: “E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que creem, embora não circuncidados, a fim de que lhes fosse imputada a justiça”. Esse versículo mostra que não somente a Abraão foi imputada a justiça, mas também a nós, os que cremos e temos como pai a Abraão. 


    Em Hebreus 11:8, é dito: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia”. Quando Abraão foi chamado, obedeceu. Ele estava em Ur dos caldeus, uma terra cheia de idolatria, e Deus queria tirá-lo daquele lugar contaminado. Então, disse-lhe: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12:1). Abraão precisava sair daquele lugar, mas Deus não lhe deu um mapa apontando para onde ele deveria ir. Ainda assim, Abraão saiu, pois Deus lhe disse: “Eu te mostrarei!”. O mapa de Abraão era o próprio Deus. Foi assim que ele chegou à terra de Canaã. Em sua primeira experiência, Abraão obedeceu. Ele até poderia questionar a Deus quanto ao caminho que deveria tomar, mas, pela fé, obedeceu sem questionar.

sábado, 26 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

Dia: 26/09/2020


PRIMEIRA SEMANA – SÁBADO (Páginas 27 à 31)


Ler com oração:

Ex 19:5  Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal entre todas as nações. Embora toda a terra seja minha,


           Capítulo dois

     A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ


     No capítulo anterior, vimos que as cinco epístolas de Paulo que estamos abordando enfatizam que não podemos desistir das pessoas por causa de filosofias humanas, mas devemos ajudá-las, amando-as e cuidando delas para que cresçam em vida e sejam úteis na igreja e na obra do Senhor até atingir a maturidade.


     O tema deste capítulo é muito importante para a fundamentação de nossa vida cristã. Ao longo dele, discorreremos acerca da experiência de Abraão, que foi justificado pela fé. Uma vez que a justificação pela fé está em oposição à justificação pelas obras da lei, também explanaremos acerca do surgimento da lei e suas nuances ao longo do Antigo Testamento. 


    Em Romanos 3:21-24, lemos: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. No início, o homem desobedeceu a Deus ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. A desobediência fez com que o pecado entrasse no mundo, e, pelo pecado, a morte (5:12). Esse “legado” do velho Adão foi passado a todos os homens, de geração a geração.


     Desse modo, o homem tornou-se injusto diante de Deus por causa da desobediência. Hoje, ele precisa conquistar sua justificação. Os versículos acima mostram que o homem pode ser justificado pela fé em Cristo Jesus. 

 

   A INSTITUIÇÃO DA LEI 


    O homem é justificado pela fé, e não por obras da lei (Rm 3:28). Contudo o homem natural gosta de fazer obras para Deus a fim de sentir-se justificado. Desde a época de Caim, podemos enumerar vários personagens da Bíblia que tentaram servir a Deus de acordo com sua capacidade e vontade. Todavia Ele sempre rejeitou esse tipo de serviço.


     No capítulo 20 de Êxodo, foi instituída a lei. Antes, nos versículos 4 a 6 do capítulo 19, vemos palavras doces e amorosas faladas pelo Senhor ao povo de Israel: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa”. Esses versículos mostram a intenção original de Deus: ter um povo singular em toda a terra, do qual Ele mesmo cuidaria, dando-lhe o suprimento necessário. Ele queria aproximar-se desse povo para fazer dele reino de sacerdotes e nação santa.


     No entanto o povo respondeu: “Tudo o que o Senhor falou faremos” (Êx 19:8). O povo de Israel não conhecia a si mesmo. Eles pensavam que conseguiriam agradar a Deus por meio de sua força e capacidade. Isso desagradou ao Senhor. 


    Como resposta, no capítulo vinte, Deus deu ao povo os Dez Mandamentos, mostrando um pouco de Seus atributos e exigências e expondo a condição caída do homem. Os Dez Mandamentos desenvolveram-se na lei, com seus estatutos e ordenanças (Êx 20—24). Daí em diante, o povo tentava agradar a Deus cumprindo a lei. No entanto sabemos que ninguém, por si mesmo, consegue cumpri-la, pois, se falhar em apenas um item, será reprovado. 


        O  TABERNÁCULO


     No capítulo 25 de Êxodo, Deus pediu a Moisés que construísse o tabernáculo. Mais uma vez, o Senhor demonstrou Sua intenção de estar perto do homem, conforme lemos: “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles” (Êx 25:8). 

    O primeiro móvel que encontramos no tabernáculo é o altar do holocausto (27:1-8), que ficava no átrio (vs. 9-19). O fogo do altar vinha de Deus (Lv 9:24) e ardia continuamente, sem se apagar (6:13). 


    Depois, temos a bacia de bronze. Esta ficava entre a tenda da congregação e o altar do holocausto, e era utilizada por Arão e seus filhos para lavar as mãos e os pés (Êx 30:17-21). O bronze, na Bíblia, tipifica o juízo. Hoje, na igreja, passamos pelo juízo de Deus (1 Pe 4:17), e, no Dia do Senhor, todos seremos julgados por Ele (2 Co 5:10). 


    Após passar pela bacia de bronze, o sacerdote adentrava o interior do tabernáculo, o Santo Lugar. Para entrar, o sacerdote passava por cinco colunas. De acordo com a Segunda Epístola aos Coríntios, podemos dizer que essas colunas representam os embaixadores de Cristo, aos quais Deus concedeu o ministério da reconciliação (5:18-20). Hoje nós somos esses embaixadores de Cristo, chamando as pessoas que estão no “átrio” para entrar no “Santo Lugar” e ter uma experiência real do tabernáculo; isto é, reconciliamos as pessoas com Deus.


     Ao entrar no Santo Lugar, do lado direito, estava a mesa da proposição (Êx 25:23-30). Sobre essa mesa ficavam expostos os pães e as taças de vinho para libação. Ela representa nossas reuniões, ou seja, o momento em que nos alimentamos da Palavra de Deus. Sempre há suprimento em nossas reuniões. Do lado oposto da mesa estava o candelabro (vs. 31-40). Sua luz nunca se apagava (Lv 24:4). Através do candelabro recebemos a luz de Deus. No meio do Santo Lugar, ficava o altar de incenso (Êx 30:1-10), que representa nossas orações (Ap 5:8). Oramos ao Senhor, e essa oração sobe para Deus como aroma agradável. Ele, então, move Seu braço e atende a oração da igreja. 


    Avançando, vemos o limite entre o Santo Lugar e o Santo dos Santos. Ali existiam quatro colunas, que representam os apóstolos que estão diante da arca do Testemunho, contemplando a glória de Deus (Gl 2:9). No átrio havia a luz natural do sol e da lua. No Santo Lugar havia a luz artificial do candelabro. Todavia, no Santo dos Santos, não havia luz natural nem artificial; era a glória de Deus que enchia e iluminava aquele local por completo (Êx 40:34-35). O véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos foi rasgado em duas partes, de alto a baixo, com a morte do Senhor Jesus (Mt 27:45-51). O véu ter sido rasgado de alto a baixo mostra algo feito por Deus. Isso significa que Ele aprovou a morte de Cristo. Hoje, não precisamos pedir licença ou obter uma autorização por escrito para entrar na presença do Senhor. E não há horário, mas a qualquer momento podemos ter comunhão com Ele (Hb 10:19-20).


     A arca do Testemunho e seu conteúdo 

    O tabernáculo foi construído segundo o modelo que Deus mostrou para Moisés no deserto (Êx 25:9). Nessa época, o véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos estava pendurado nessas quatro colunas, obstruindo a entrada para o Santo dos Santos. As colunas formavam três entradas, que representam o Deus Triúno – o Pai, o Filho e o Espírito. Quando o Senhor Jesus morreu, o véu do meio foi rasgado. Esse véu representa o Filho, que foi partido por nós na cruz. 


    No Santo dos Santos havia a arca do Testemunho (vs. 10-15), que tinha dois côvados e meio de comprimento e um côvado e meio de largura. Ela era feita de madeira de acácia, coberta e revestida de ouro puro por dentro e por fora, representando o mesclar da divindade (ouro) com a humanidade (madeira). O Santo dos Santos é o lugar onde o homem pode encontrar-se com Deus para contemplar Sua glória e ser transformado por ela (2 Co 3:18).


     Dentro da arca havia as tábuas da lei, a vara de Arão que floresceu, e uma urna de ouro contendo o maná (Hb 9:4). Sobre a arca ficava uma tampa, chamada de propiciatório (Êx 25:16-22), com as mesmas medidas da arca. Nela, havia dois querubins talhados, um em cada ponta.


     Ninguém, com exceção de Moisés, tinha livre acesso ao Santo dos Santos. O sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no dia da expiação (Lv 23:27), levando o sangue de touros e bodes para aspergir sobre o propiciatório e fazer a expiação pelos seus pecados e pelos pecados do povo (Lv 16:1-28). Nossos pecados fazem separação entre nós e Deus (Is 59:1-2), e, por causa do pecado, fomos destituídos da glória de Deus (Rm 3:23).


    Dentro da arca da Aliança, debaixo do propiciatório, havia as tábuas da lei, condenando-nos e expondo nossa fraqueza em virtude do pecado. Acima do propiciatório havia os querubins, que representam a glória de Deus (Hb 9:5), indicando que, por causa do pecado, permanecemos carentes da glória de Deus. Nessa tampa, no propiciatório, o sangue dos animais era aspergido para a expiação dos pecados. Era ali que Deus se encontrava com Moisés (Êx 25:22).


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA Todo membro do Corpo de Cristo é útil

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 25/09/2020


PRIMEIRA SEMANA – SEXTA-FEIRA (Páginas 23 à 25)


Ler com oração:

Ef 4:12  com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado,


Todo membro do Corpo

        de Cristo é útil 


    Paulo compara a igreja ao corpo humano, onde há vários membros diferentes uns dos outros (Rm 7:4; 12:5; 1 Co 10:16; 12:27; Ef 1:22-23; 4:12; Cl 1:18). Mesmo assim, os diversos membros estão unidos por causa da vida. A cabeça, Cristo, comanda o corpo; e nós, membros, nos coordenamos por meio da vida para fazer a vontade do Senhor. Isso é a multiforme sabedoria de Deus. Ele está trabalhando em nós para que sejamos Sua obra-prima (cf. Ef 2:10, a palavra “feitura”, em grego, é poiema, obra-prima). Precisamos uns dos outros. Que nenhum irmão se sinta inútil, pois no Corpo todos nós somos úteis para Deus. 


    Paulo teve ainda de escrever uma carta para Filemom, solicitando, em nome do amor, que Onésimo fosse recebido de volta, como irmão amado em Cristo, e não como escravo (Fm 9-16). O apóstolo estava manifestando o amor ágape, proveniente de suas entranhas, do mais íntimo de seu ser; e solicitava que Filemom aceitasse Onésimo de volta, não por obrigação, mas de livre e boa vontade. E, se houvesse ainda alguma pendência, ele, Paulo, pagaria qualquer dívida (Fm 17-19).


 O perigo da filosofia na igreja 

    A relutância de Filemom em aceitar o irmão de volta pode estar relacionada ao problema pelo qual a igreja em Colossos estava passando. Filosofias e vãs sutilezas, tais como gnosticismo, ceticismo e misticismo, se haviam infiltrado na vida da igreja. Essas coisas interrompem o crescimento de vida no Corpo. Talvez por isso Filemom não tivesse crescido em vida o suficiente; e, por esse motivo, não tinha amor e graça para receber Onésimo. A cura para esse problema é viver intensamente a vida da igreja e desfrutar apenas da Palavra de Deus, da presente verdade, apresentada pelos pais da igreja, os apóstolos. 


    Hoje é muito comum receber vídeos, via rede social, WhatsApp, com testemunhos de pessoas boas, que não têm relação alguma com o evangelho. Não sigamos o exemplo dos incrédulos. Há muitos exemplos de amor e diversos testemunhos de vida na igreja. Esses vídeos de incrédulos dão dicas de como ser uma boa pessoa, todavia introduzem filosofias do gnosticismo, asceticismo e misticismo (Cl 2:8). Essas coisas abrem brechas para a ação de principados e potestades. Daí o motivo de a igreja em Colossos não avançar nas questões práticas e espirituais. Quando escreveu aos colossenses, Paulo falou sobre a fé, o amor e a esperança (1:4-5). Ele teve fé no potencial de Onésimo, o aperfeiçoou em amor e teve esperança de que Onésimo se tornaria útil para Deus, na igreja. 


Não desistir das pessoas

     Os escritos de Paulo mostram que ele amadureceu em decorrência das experiências obtidas na vida da igreja e na obra. Os vários sofrimentos pelos quais passou, fizeram com que ele crescesse em vida. Vimos que, no início da segunda viagem missionária, o apóstolo não quis levar o jovem João Marcos, que não tinha suportado os sofrimentos da viagem e tinha voltado para casa. Posteriormente, mais maduro, Paulo teve fé, amor e esperança suficientes para aperfeiçoar uma pessoa que havia defraudado seu senhor e fugido para Roma, onde recebeu o evangelho. Onésimo foi gerado na fé durante o período de algemas do apóstolo. Ele recebeu ajuda de Paulo, cresceu em vida e foi enviado para Colossos, tornando-se um apóstolo: “Em sua companhia, vos envio Onésimo, o fiel e amado irmão, que é do vosso meio. Eles vos farão saber tudo o que por aqui ocorre” (Cl 4:9).


     Em sua maturidade, Paulo recebeu João Marcos de volta: “Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o)” (v. 10). O apóstolo, até mesmo, pôde contar com sua cooperação na obra: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores” (Fm 24). Marcos se havia tornado útil para o Senhor: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2 Tm 4:11). Marcos cresceu em vida, e Paulo teve humildade para solicitar sua ajuda no ministério. Nós precisamos ter esperança nos irmãos, crendo que a obra que o Senhor começou será concluída. Vai dar certo! Cada irmão será aperfeiçoado em amor!


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A TRAJETÓRIA DE PAULO E SEU ENCONTRO COM ONÉSIMO

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA:24/09/2020


PRIMEIRA SEMANA – QUINTA-FEIRA (Páginas 19 à 23)


Ler com oração:

At 13:4  Enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.


A TRAJETÓRIA  DE PAULO E SEU ENCONTRO COM

              ONÉSIMO 


     Enquanto Paulo estava preso em Roma, foi-lhe permitido morar em uma casa alugada, onde recebia todos que o procuravam, anunciando-lhes a Palavra de Deus (At 28:30-31). Certamente, foi nesse período que Paulo pregou o evangelho a Onésimo, que era escravo de Filemom e havia fugido de seu senhor. Mas, antes de nos aprofundarmos nesse assunto, vejamos um pouco da trajetória de Paulo. 


    Quando ainda se chamava Saulo e perseguia a igreja, o Senhor lhe apareceu como uma grande luz no caminho de Damasco (At 9:1-3). Ele reconheceu o Senhor e creu, foi batizado, e logo começou a pregar o evangelho (vs. 4-12, 17-20). Saulo passou por dificuldades e voltou para Tarso, sua cidade natal, sendo resgatado por Barnabé e levado para Antioquia para viver com os irmãos da igreja naquela cidade (vs. 23-30; 11:25-26). A igreja em Antioquia era composta de gentios convertidos a Cristo. Os irmãos ali viviam com alegria e singeleza de coração, e havia liberdade no Espírito. Lá, pela primeira vez, os discípulos do Senhor foram chamados de cristãos (At 11:26).


     Nessa igreja, Paulo aprendeu a servir em coordenação com os irmãos. Certo dia, “servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13:2-3). Foi assim que Barnabé e Paulo fizeram a primeira viagem missionária (13:4b—14:28). Eles percorreram a região da Galácia, pregando o evangelho e gerando a igreja em Listra, em Derbe e em Icônio. 


    O jovem João Marcos também os acompanhou na viagem, entretanto, diante dos sofrimentos e tribulações, os abandonou e voltou para a casa de Maria, sua mãe (At 12:12, 25; 13:13). Na volta, Paulo e Barnabé estabeleceram aqueles que mais se destacavam entre os irmãos como presbíteros nas igrejas. Estes eram irmãos novos, por isso logo foram influenciados pelos de Jerusalém, que propagavam que, além de crer em Cristo, era necessário circuncidar-se, conforme a lei. Isso trouxe perturbação nas igrejas dos gentios (15:1). 


    Barnabé e Paulo decidiram ir à Jerusalém para tratar desse assunto (At 15:2). Chegando lá, reuniram-se com os presbíteros e apóstolos para debater a questão (vs. 4-6). Pedro esclareceu que fora escolhido por Deus para levar a palavra do evangelho aos gentios, pois a porta da salvação também lhes havia sido aberta (vs. 7-11). Tiago, líder da igreja em Jerusalém, tomou a palavra e encerrou o debate, argumentando que os gentios deveriam ser deixados em paz e que precisavam apenas guardar alguns itens da lei: evitar a idolatria, a impureza sexual, a carne de animais sufocados e o sangue (vs. 13-21). Então os apóstolos e os presbíteros redigiram uma carta que deveria ser lida nas igrejas dos gentios, tendo como conteúdo a decisão que tomaram. E elegeram Silas e Judas, irmãos notáveis, para acompanhar Paulo e Barnabé (vs. 22-30). 


    A carta foi lida em Antioquia, e os irmãos se alegraram (At 15:31). Findada a missão, Judas partiu para Jerusalém e Silas resolveu permanecer ali (vs. 32-34). Paulo e Barnabé decidiram revisitar as igrejas da Galácia para verificar como estavam os irmãos. Barnabé quis levar João Marcos, seu primo (vs. 36-38), entretanto Paulo não o admitiu, pois não achava justo levar alguém que os abandonara na primeira viagem. Ele estava no início de seu ministério, por isso ainda não era maleável. “Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos,

 navegou para Chipre” (v. 39). 


    Paulo tomou a Silas e partiu para rever as igrejas. Essa viagem foi marcada pelo direcionamento do Espírito, “as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número” (At 16:5). Após percorrerem a região frígio-gálata, pretendiam ir para a Ásia, entretanto foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar a Palavra ali. Nas proximidades de Mísia, tentaram ir para Bitínia, contudo o Espírito de Jesus não o permitiu (vs. 6-7). Então, desceram a Trôade, onde Paulo teve a visão de um varão macedônio que lhes pedia ajuda. Diante disso, entenderam que precisavam ir para a Macedônia pregar o evangelho (v. 10).


     Em Filipos, primeira cidade do distrito da Macedônia, foram a um lugar de oração junto ao rio, onde encontraram um grupo de mulheres que estavam orando. Uma delas, chamada Lídia, vendedora de púrpura, os acolheu em sua casa (At 16:11-15). Nessa cidade, Paulo libertou uma jovem possessa de um espírito adivinhador (vs. 16-18). Os donos dessa jovem chamaram as autoridades e acusaram falsamente os apóstolos de perturbar a ordem da cidade (vs. 19-21). Paulo e Silas foram acoitados e detidos no cárcere interior, e lhes amarraram os pés no tronco (vs. 22-24). Possivelmente qualquer outra pessoa reclamaria com Deus por tais circunstâncias; contudo, por volta da meia noite, eles oravam e cantavam louvores, e todos na prisão os escutavam (v. 25). Que testemunho magnífico! Deus não teve outra reação, a não ser libertá-los. A terra tremeu, e os alicerces da prisão foram abalados. Todas as portas se abriram, e caíram as cadeias de todos (v. 26). O carcereiro despertou do sono e, vendo todas as celas abertas, desesperou-se e fez menção de se matar. “Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos!” (v. 28). A Palavra de Deus era mais importante do que a liberdade deles, por isso ninguém fugiu da prisão. Então o carcereiro os levou para casa, cuidou deles e foi batizado, juntamente com toda a sua família (vs. 29-34). Assim foi o princípio da igreja em Filipos. Por obedecerem ao Espírito, a segunda viagem missionária foi bem-sucedida. Por fim, Paulo e Silas partiram dali. Eles deveriam ir diretamente para Antioquia, onde estava a igreja que os enviou, mas antes passaram por Jerusalém para saudar a igreja (18:22). 


    Ao final da terceira viagem missionária, novamente Paulo quis ir para Jerusalém, mesmo após seus cooperadores terem recomendado que ele não fosse para lá (At 21:4, 12). Também Ágabo, um profeta, revelou-lhe que cadeias o aguardavam em Jerusalém (vs. 10-11). Contudo Paulo prosseguiu, encontrou-se com a igreja e ali viu dezenas de milhares que zelavam pela lei (v. 20). Estes o convenceram a pagar a despesa de quatro pessoas que estavam fazendo voto (vs. 23-26). Aquele que paga a despesa se torna um com o voto, concorda com o seu cumprimento. Assim, os judeus comprovariam que Paulo não era contra o judaísmo. Ele se viu obrigado a concordar com a sugestão que lhe foi oferecida. 


    Se o voto fosse concluído, o ministério neotestamentário, confiado a Paulo, estaria acabado. Soberanamente, quando o voto estava para ser concluído, judeus vindos da Ásia viram Paulo, alvoroçaram o povo e arrastaram-no para fora do templo, procurando matá-lo (At 21:27-30). Deus usou a guarda romana para preservar a vida de Paulo, livrando-o da fúria do povo. Ele foi recolhido à fortaleza e, posteriormente, enviado, sob escolta, para Cesareia (vs. 31-34; 23:23). Lá, Paulo se fortaleceu e pôde declarar que não foi desobediente à visão celestial que havia recebido (26:19). Deus ainda poupou sua vida a fim de usá-lo para registrar a revelação da economia neotestamentária de Deus em epístolas, o que ocorreu quando ele esteve preso em Roma. Ali, Paulo registrou as visões que recebera no terceiro céu. Ele permaneceu preso por dois anos em Cesareia, até que, como cidadão romano, usou seu direito de apelar para César e foi enviado para ser julgado em Roma (25:11).


     Paulo navegou para Roma, como prisioneiro, sob guarda. Todavia, por causa das tribulações que surgiram na viagem, Deus o colocou como autoridade e confiou-lhe a vida daqueles que viajavam com ele; e, mesmo passando por naufrágio, nenhuma vida se perdeu (At 27:21-26, 33-36). Os náufragos foram acolhidos na ilha de Malta, onde várias curas e milagres ocorreram pelas mãos do apóstolo (28:1-10). Os habitantes da ilha supriram suas necessidades e os encaminharam a Roma. Chegando lá, foi permitido a Paulo alugar uma casa, onde recebia todas as pessoas que o procuravam e lhes pregava o evangelho com intrepidez (vs. 16, 23, 30-31). Todos que ali entravam, recebiam ajuda espiritual, pois ouviam a palavra do Senhor Jesus. Até mesmo a guarda pretoriana e os da casa de César ouviram a palavra e creram (Fp 1:13; 4:22). Isso mostra que a estadia de Paulo em Roma foi muito produtiva. Que, assim como o apóstolo, levemos a Palavra a todas as pessoas em todo lugar. 


    Cremos que foi nesse contexto que Paulo encontrou Onésimo e pregou-lhe o evangelho (Fm 10). Este era um escravo, provavelmente fugido de Colossos, por haver defraudado seu senhor, que encontrou o apóstolo em Roma (v. 18). Talvez, Paulo ministrasse algum tipo de treinamento em sua casa, pois vários cooperadores iam até ele. Onésimo se firmou na igreja e passou a cooperar com Paulo. 


    Como Onésimo era de Colossos, Paulo o enviou de volta para a casa de seu senhor, a fim de acertar sua vida pregressa (Fm 11, 15, 20). Ao ler a Epístola a Filemom, percebemos que talvez já tivessem ocorrido tentativas de reconciliação entre Onésimo e Filemom, mas não teriam sido bem-sucedidas. Filemom era presbítero da igreja em Colossos, abastado, e possuía escravos; um deles, Onésimo, que antes lhe tinha sido inútil, havia crido no Senhor, tornando-se útil para Deus, por isso deveria ser recebido como irmão em Cristo (v. 16). Na igreja, nenhum irmão deve sentir-se inútil, pois há espaço para todos servirem a Deus com alegria, entusiasmo e excelência.


LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A relação saudável entre a igreja e a obra

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

Dia: 16/09/2020



PRIMEIRA SEMANA – QUARTA-FEIRA (Páginas 14 à 19)


Ler com oração:

1 Jo 4:8  Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.


A relação saudável entre a igreja e a obra 

    Depender do Senhor permitirá concluirmos de forma brilhante nossa carreira, pois andaremos com Deus e Dele tiraremos nosso suprimento de vida: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças” (Cl 2:6-7). Nosso andar no viver diário tem de ser no Espírito, visando à edificação da igreja. O Senhor concedeu dons aos homens e designou uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação da igreja (Ef 4:11-12). A obra e a igreja são inseparáveis. Os homens dons não edificam a igreja diretamente, mas aperfeiçoam os irmãos para andar em Cristo e, assim, executar a obra de edificação do Corpo de Cristo. A obra precisa da igreja, e a igreja precisa da obra de edificação.


     Para obter materiais para a edificação do Corpo de Cristo, nós pregamos o evangelho, salvando as pessoas e introduzindo-as no viver da igreja. Os irmãos líderes têm a preocupação de envolver o maior número possível de irmãos na obra de Deus. O irmão Dong Yu Lan, um servo de Deus proativo, visionário e com muito encargo de trazer o Senhor de volta, foi muito usado para transmitir diversos encargos da parte de Deus, a fim de dinamizar a pregação do evangelho. Entre esses encargos, destacamos a criação da Editora Árvore da Vida, em 1975, com o intuito de produzir livros saudáveis, fundamentados na pura Palavra de Deus. Em seguida, surgiu o Jornal Árvore da Vida, em 1989, com o objetivo de levar a palavra atual, a presente verdade, a todos os filhos de Deus. Em 1991, veio o encargo do Expolivro, em que irmãos colportores deixam suas casas e saem com um veículo adaptado para expor os livros saudáveis de cidade em cidade. Depois, em 1992, surgiram as cooperativas de colportores, responsáveis pelo aperfeiçoamento do maior número possível de irmãos para servirem como colportores nas diversas regiões do Brasil e, assim, alcançarem mais cidades por meio da palavra impressa. Então, em 1998, surgiu o Centro de Aperfeiçoamento para a Propagação do Evangelho – CEAPE. E, em 2009, o Senhor nos deu o BooKafé, cujo objetivo é alcançar as pessoas e apascentar os filhos de Deus. 


    Com a bênção do Senhor, esses encargos estão sendo levados adiante. Muitos irmãos, mesmo sem entender o que estão fazendo, creem e prosseguem. Com isso, o testemunho da unidade da igreja tem crescido de cidade em cidade, com acréscimo de inúmeros irmãos. Com essas ferramentas, a vida da igreja se torna ainda mais dinâmica e todos os santos são encorajados a permanecer no amor de Deus. Não basta obter profundo conhecimento da Palavra, mas precisamos praticá-la, permanecendo no caminho que o Senhor tem mostrado, no primeiro amor (Ap 2:2, 4).


     Além das ferramentas citadas acima, hoje temos o Instituto Vida para Todos, que potencializou ainda mais a divulgação da palavra em vários idiomas, alcançando toda a terra. A colportagem foi revitalizada e se tornou dinâmica. Os colportores dinâmicos têm orado com as pessoas e colocado livros espirituais nas mãos delas. Foi criada também uma frente de batalha chamada Avança, Jovem!, isto é, jovens cuidando de jovens, pregando o evangelho e apascentando outros jovens mais intensamente, de maneira viva. Os irmãos de todas as igrejas têm praticado o “Posso orar por você?”. Muitas pessoas têm recebido orações e estão tendo as vidas mudadas. Recentemente o Expolivro foi revitalizado, agora, com o tema “Paixão pela leitura”, e está percorrendo às cidades levando vida para todos. 


Profunda comunhão com Deus 

    Permanecer no caminho do Senhor é andar na verdade, na graça, no amor e na luz. Deus é amor (1 Jo 4:8, 16) e Deus é luz (1:5). Sua luz se apresenta a nós como verdade. O amor, que é a natureza de Deus, chega a nós como graça. “A graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1:17b). Em Jesus, andamos na graça, na verdade, no amor e na luz, ou seja, andamos em Deus. Para praticar esse andar, necessitamos intensificar nossa comunhão vertical, com Deus, e horizontal, com os irmãos.


     Devemos aprofundar nossa comunhão com Deus, de modo a não apenas conhecê-Lo como Salvador, mas também desfrutá-Lo como Pai. Não basta conhecer a Deus como ser supremo; é preciso conhecê-Lo intimamente, achegar-se a Ele como Pai, tal qual o filho pródigo quando caiu em si e decidiu voltar aos braços do pai (Lc 15:11-24). Quando voltamos o coração ao Senhor, ao menor sinal de arrependimento, Ele corre ao nosso encontro, nos abraça e nos beija. Temos livre acesso ao Pai. Se nos aproximarmos Dele, teremos intimidade com Ele e seremos enchidos com Seu amor para viver a vida da igreja, amando todos os irmãos. Nosso relacionamento horizontal, familiar, com os irmãos e com as demais pessoas será regido pelo amor divino. 


    Na intimidade com o Pai, desfrutaremos de Sua natureza, que é amor e luz. Amaremos as pessoas e levaremos a luz do Senhor a elas. Somos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5:13-14). Nosso papel é influenciar a humanidade, dando sabor divino à vida das pessoas, brilhando sobre elas como luzeiros e sendo referência para aqueles que estão perdidos (Fp 2:15). Não somos do mundo, por isso não podemos participar das coisas do mundo nem ser influenciados por elas (Jo 17:11-15). Pelo contrário, o Senhor nos colocou no mundo, nos santificou e nos deu Sua Palavra para influenciarmos as pessoas a buscá-Lo e a viver a vida da igreja.


    Ao pregar o evangelho do reino dessa maneira, e dar testemunho às nações, a igreja será edificada e o Senhor, quando voltar, porá fim à presente era, e estabelecerá Seu reino de justiça (Mt 24:14). O Senhor está aguardando o amadurecimento da igreja. Para amadurecer, necessitamos andar no espírito e nos encher de amor. No versículo 12 vemos que no tempo do fim o amor se esfriará de quase todos, mas, pela misericórdia do Senhor, nós estamos sendo enchidos do amor proveniente do Pai, para salvar as pessoas e ajudá-las a crescer em vida. Podemos introduzir essas pessoas nos grupos familiares de cuidado e multiplicação (GFCM), onde podem desfrutar do viver da igreja e aprender a servir a Deus.

  A eficácia da redenção de Cristo 

    – cancelou o escrito de dívida

     Dando continuidade ao nosso desfrute da Epístola aos Colossenses, a primeira coisa por que precisamos ter apreço na igreja é a redenção de Cristo. “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2:13-15). Não ouçamos as filosofias modernas, agnósticas e céticas que tentam anular a obra de Cristo. Boas obras ou meditação não anulam pecados. Somente por meio do sangue de Cristo, derramado na cruz por nós, é que recebemos perdão (1 Pe 1:18-19); basta confessarmos os pecados: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9). O sangue de Jesus tem eficácia eterna (Hb 9:12). 


    Quando alguém deixa de pagar uma dívida, o credor se dirige ao cartório e apresenta a nota promissória para protesto, e fica registrado que aquela pessoa possui uma dívida. O Senhor Jesus morreu em nosso lugar, lavou-nos com Seu sangue e cancelou o escrito de dívida que havia contra nós. Essa dívida que nos era prejudicial e constava de ordenanças foi removida e encravada na cruz. Não há mais registro algum de dívida nem paira acusação sobre nós. Quando os principados e potestades olham para nós, veem o sangue de Cristo. 


A EPÍSTOLA DE PAULO A FILEMOM

 Amor ágape – o último estágio

    do crescimento de vida 

    O cuidado da igreja pelo apóstolo Paulo expressa o profundo amor entre os irmãos. A Epístola a Filemom apresenta o amor ágape, que é o caminho para alcançarmos o último estágio de nosso crescimento de vida. O amor é, também, o alicerce para o aperfeiçoamento dos irmãos, com vistas à edificação da igreja. Estejamos “arraigados e alicerçados em amor” (Ef 3:17). O alicerce refere-se à edificação, e a raiz relaciona-se ao crescimento de vida; somos “lavoura e edifício de Deus” (1 Co 3:9). À medida que a vida divina cresce em nós, nós nos tornamos o edifício de Deus, Sua habitação. 


    Um dia o edifício de Deus será concluído, e não haverá materiais espalhados pelo terreno, pois todos estarão no devido lugar. A edificação se dá por meio do encabeçamento de Cristo. Na consumação desta era, Ele encabeçará todas as coisas do universo. Todavia para nós isso já é realidade, pois o encabeçamento de Cristo começa pela igreja. Nosso viver, nosso relacionamento com os irmãos e com as demais pessoas devem estar debaixo desse encabeçamento, assim como tudo o que fizermos. 


    O apóstolo Pedro descreveu, em sua epístola, o processo de crescimento da vida divina em nós, que se inicia com a fé. Assim, devemos associar com a fé, a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; e com a piedade, a fraternidade, isto é, o amor fraternal (2 Pe 1:5-7). Contudo há outro patamar a ser alcançado, que é o amor ágape. Esse amor é manifestado na igreja. Quanto mais crescemos na vida divina, mais manifestamos o amor ágape, pois Deus é amor (1 Jo 4:16). Para que nada atrapalhe nosso crescimento, devemos perdoar uns aos outros. O Senhor perdoou nossa dívida, perdoemos também nossos conservos (Mt 18:23-35). Que não haja soberba, altivez ou conflito no relacionamento com os irmãos, pois somos membros uns dos outros.


LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES Cooperação, confirmação e defesa do evangelho

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

Dia 15/09/2020



PRIMEIRA SEMANA – TERÇA-FEIRA (Páginas 10 à 14) 


Ler com oração:

Fp 3:14  prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.


A EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES

 Cooperação, confirmação e defesa do evangelho 


    A Epístola aos Filipenses mostra que a meta da igreja é o progresso do evangelho. A vida da igreja não é estática, e sim dinâmica, com movimento. Nela, avançamos para as coisas que estão à nossa frente, a fim de alcançarmos patamares superiores de crescimento (Fp 3:13-14). O progresso do evangelho visa à maturidade dos filhos de Deus e ao aumento da expressão de Cristo e a igreja na terra. 


    O avanço do evangelho está diretamente relacionado à manifestação do amor de Deus em nós. Quem não ama não conhece a Deus (1 Jo 4:8) e não prega o evangelho, pois pregar o evangelho é expressar o amor de Deus. O amor do Senhor pelas pessoas provinha de Seu íntimo (Mt 9:36). Igualmente, Paulo dispensava às igrejas entranhados afetos de misericórdias, um amor que vinha das entranhas, do mais íntimo de seu ser (Fp 2:1). A igreja em Filipos, assim como o apóstolo, com profundo amor cooperava, confirmava e defendia o avanço do evangelho (1:5, 7). 


    Nenhuma outra igreja se associou a Paulo na questão de dar e receber (Fp 4:15). Quando alguém se associa a uma obra, torna-se participante dela. A igreja em Filipos era sócia do apóstolo, cumprindo seu papel de participante da obra de Deus. Os filipenses foram aperfeiçoados por Paulo e estavam em unidade com ele, apoiando-o e suprindo-o. Assim, nessa cidade, temos um modelo de igreja que estava em sintonia com a obra.


 A EPÍSTOLA DE PAULO AOS COLOSSENSES 

      Cristo versus ideologias 


    A Epístola aos Colossenses foi escrita para ajudar a igreja em Colossos a lidar com a influência do gnosticismo, do ceticismo e do misticismo. Essas ideologias trazem dano para a igreja e impedem seu avanço. Devemos fechar as brechas para que esse tipo de influência não abale a fé e a edificação da igreja. Principalmente os líderes das igrejas devem estar atentos para não permitir que filosofias, ideologias e vãs sutilezas entrem na igreja. Essas coisas se apresentam de modo inocente, conduzindo as pessoas a fazerem o bem, mas, quando menos se percebe, abre-se uma porta para os principados e as potestades exercerem influência na igreja, pois a fonte dessas ideologias é a árvore do conhecimento do bem e do mal, que representa Satanás e os anjos caídos. Por causa desse desvio, os colossenses começaram a duvidar de Cristo e a propalar mistérios. Em nosso meio, somente Cristo deve ser exaltado. Devemos desfrutar apenas da árvore da vida, a pura palavra de Deus. 


    Um grande desafio que os cristãos enfrentam, hoje, consiste em sair da superficialidade e se aprofundar no conhecimento de Cristo. A Epístola de Paulo aos Colossenses ajuda-nos nessa tarefa, pois revela o mistério de Deus, que é Cristo (2:2). Em Cristo habita toda a plenitude da Divindade (v. 9). Nele, estão todos os tesouros da sabedoria (v. 3). Ele é a imagem do Deus invisível (1:15), a expressão exata do Seu ser. Esse Cristo maravilhoso se manifesta às pessoas por intermédio da igreja. 


    O apóstolo Paulo, com muita sabedoria, revelou-lhes o seguinte: “O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1:26-28). Cristo é a riqueza da glória de Deus, e Cristo em nós é a esperança da glória. Essa é a verdadeira sabedoria que vem do alto e é percebida pela unção do Espírito. Então, quando temos comunhão com Deus, a intuição traz-nos sabedoria.


     A sabedoria de Deus se manifesta na igreja, a fim de apresentar todo homem perfeito em Cristo. Quando anunciamos o evangelho e uma pessoa crê, devemos introduzi-la no viver da igreja. Ali, ela será cuidada com o propósito de crescer em vida até alcançar a maturidade e ser apresentada perfeita em Cristo (v. 28). Nossa função, na igreja, é pregar o evangelho e zelar para que os frutos cresçam e sejam aprovados por Deus. Para tanto, é necessário desfrutarmos do Espírito, enchendo-nos de entusiasmo, a fim de incluir todos os irmãos na igreja. 


    Paulo lutava para que os irmãos fossem libertos da influência de ideologias malignas e fossem aceitos pelo Senhor: “Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face; para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2:1-3). Não há registros de que Paulo tenha ido a Colossos, entretanto Epafras, um de seus cooperadores, supria as igrejas naquela cidade com o falar do apóstolo, com a palavra de Deus (1:7; 4:12; Fm 23). A igreja em Laodiceia, por dar atenção a filosofias, caiu em uma condição de mornidão espiritual (Ap 3:16). Por isso o Senhor não estava no meio dos irmãos ali, mas estava à porta, do lado de fora, pedindo para entrar (v. 20). 


Invocar o nome do Senhor para experimentá-Lo 

    Uma vez que já haviam recebido Cristo, os irmãos de Colossos precisavam praticar a Palavra: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças” (Cl 2:6-7). Por meio de Epafras, irmão amável e fiel, Deus enviava Sua palavra para edificar a igreja e firmar os irmãos na fé em Cristo. Deus se encarnou em Jesus, viveu na terra, morreu na cruz, ressuscitou, ascendeu aos céus e se tornou o Espírito que dá vida. Assim, todo aquele que invocar o nome do Senhor Jesus receberá a vida de Deus (Rm 10:13; cf. Jo 20:31). E, se continuamente invocarmos esse nome, mais da vida divina será acrescentada a nós, possibilitando que andemos e tenhamos raízes Nele, de modo a sermos, assim, firmados em Deus. 


    Quando invocamos o nome do Senhor, desfrutamos de Suas riquezas (Rm 10:12). Mediante o contínuo desfrute e o exercício da fé, um dia, habitaremos com o Senhor e estaremos para sempre com Ele: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14:1-3). Muitos entendem essa volta do Senhor como Sua segunda vinda, e supõem que Jesus está demorando a voltar porque está edificando uma mansão celestial para Seus filhos. Entretanto essa volta não se refere à segunda vinda de Cristo; ela já aconteceu. O Senhor, após a crucificação e a glorificação, retornou como o Espírito que dá vida, como o outro Consolador (vs. 16, 18). Dessa maneira, depois que cremos Nele, o Espírito se mesclou ao nosso espírito. Agora, o Senhor, como o Espírito da realidade, estará para sempre conosco (7:39). 


    Como o Espírito, Cristo nos transmite todas as Suas riquezas. Ele é tudo para nós (Cl 3:11b). Na vida da igreja, nós desfrutamos Cristo e O amamos. Todo aquele que O ama, guarda a Palavra e se torna habitação do Pai (Jo 14:23). Somos a habitação de Deus no espírito. O Senhor Jesus, como o Espírito da realidade dentro de nós, nos ensina todas as coisas e nos guia à verdade. Não há o que temer, pois, quando invocamos o nome do Senhor, voltamo-nos ao Espírito e somos guiados por Ele. Quando clamamos: “Ó Senhor Jesus!”, reconhecemos o senhorio de Jesus e nos conectamos imediatamente com Deus, em nosso espírito.