quinta-feira, 24 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A TRAJETÓRIA DE PAULO E SEU ENCONTRO COM ONÉSIMO

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA:24/09/2020


PRIMEIRA SEMANA – QUINTA-FEIRA (Páginas 19 à 23)


Ler com oração:

At 13:4  Enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.


A TRAJETÓRIA  DE PAULO E SEU ENCONTRO COM

              ONÉSIMO 


     Enquanto Paulo estava preso em Roma, foi-lhe permitido morar em uma casa alugada, onde recebia todos que o procuravam, anunciando-lhes a Palavra de Deus (At 28:30-31). Certamente, foi nesse período que Paulo pregou o evangelho a Onésimo, que era escravo de Filemom e havia fugido de seu senhor. Mas, antes de nos aprofundarmos nesse assunto, vejamos um pouco da trajetória de Paulo. 


    Quando ainda se chamava Saulo e perseguia a igreja, o Senhor lhe apareceu como uma grande luz no caminho de Damasco (At 9:1-3). Ele reconheceu o Senhor e creu, foi batizado, e logo começou a pregar o evangelho (vs. 4-12, 17-20). Saulo passou por dificuldades e voltou para Tarso, sua cidade natal, sendo resgatado por Barnabé e levado para Antioquia para viver com os irmãos da igreja naquela cidade (vs. 23-30; 11:25-26). A igreja em Antioquia era composta de gentios convertidos a Cristo. Os irmãos ali viviam com alegria e singeleza de coração, e havia liberdade no Espírito. Lá, pela primeira vez, os discípulos do Senhor foram chamados de cristãos (At 11:26).


     Nessa igreja, Paulo aprendeu a servir em coordenação com os irmãos. Certo dia, “servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13:2-3). Foi assim que Barnabé e Paulo fizeram a primeira viagem missionária (13:4b—14:28). Eles percorreram a região da Galácia, pregando o evangelho e gerando a igreja em Listra, em Derbe e em Icônio. 


    O jovem João Marcos também os acompanhou na viagem, entretanto, diante dos sofrimentos e tribulações, os abandonou e voltou para a casa de Maria, sua mãe (At 12:12, 25; 13:13). Na volta, Paulo e Barnabé estabeleceram aqueles que mais se destacavam entre os irmãos como presbíteros nas igrejas. Estes eram irmãos novos, por isso logo foram influenciados pelos de Jerusalém, que propagavam que, além de crer em Cristo, era necessário circuncidar-se, conforme a lei. Isso trouxe perturbação nas igrejas dos gentios (15:1). 


    Barnabé e Paulo decidiram ir à Jerusalém para tratar desse assunto (At 15:2). Chegando lá, reuniram-se com os presbíteros e apóstolos para debater a questão (vs. 4-6). Pedro esclareceu que fora escolhido por Deus para levar a palavra do evangelho aos gentios, pois a porta da salvação também lhes havia sido aberta (vs. 7-11). Tiago, líder da igreja em Jerusalém, tomou a palavra e encerrou o debate, argumentando que os gentios deveriam ser deixados em paz e que precisavam apenas guardar alguns itens da lei: evitar a idolatria, a impureza sexual, a carne de animais sufocados e o sangue (vs. 13-21). Então os apóstolos e os presbíteros redigiram uma carta que deveria ser lida nas igrejas dos gentios, tendo como conteúdo a decisão que tomaram. E elegeram Silas e Judas, irmãos notáveis, para acompanhar Paulo e Barnabé (vs. 22-30). 


    A carta foi lida em Antioquia, e os irmãos se alegraram (At 15:31). Findada a missão, Judas partiu para Jerusalém e Silas resolveu permanecer ali (vs. 32-34). Paulo e Barnabé decidiram revisitar as igrejas da Galácia para verificar como estavam os irmãos. Barnabé quis levar João Marcos, seu primo (vs. 36-38), entretanto Paulo não o admitiu, pois não achava justo levar alguém que os abandonara na primeira viagem. Ele estava no início de seu ministério, por isso ainda não era maleável. “Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos,

 navegou para Chipre” (v. 39). 


    Paulo tomou a Silas e partiu para rever as igrejas. Essa viagem foi marcada pelo direcionamento do Espírito, “as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número” (At 16:5). Após percorrerem a região frígio-gálata, pretendiam ir para a Ásia, entretanto foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar a Palavra ali. Nas proximidades de Mísia, tentaram ir para Bitínia, contudo o Espírito de Jesus não o permitiu (vs. 6-7). Então, desceram a Trôade, onde Paulo teve a visão de um varão macedônio que lhes pedia ajuda. Diante disso, entenderam que precisavam ir para a Macedônia pregar o evangelho (v. 10).


     Em Filipos, primeira cidade do distrito da Macedônia, foram a um lugar de oração junto ao rio, onde encontraram um grupo de mulheres que estavam orando. Uma delas, chamada Lídia, vendedora de púrpura, os acolheu em sua casa (At 16:11-15). Nessa cidade, Paulo libertou uma jovem possessa de um espírito adivinhador (vs. 16-18). Os donos dessa jovem chamaram as autoridades e acusaram falsamente os apóstolos de perturbar a ordem da cidade (vs. 19-21). Paulo e Silas foram acoitados e detidos no cárcere interior, e lhes amarraram os pés no tronco (vs. 22-24). Possivelmente qualquer outra pessoa reclamaria com Deus por tais circunstâncias; contudo, por volta da meia noite, eles oravam e cantavam louvores, e todos na prisão os escutavam (v. 25). Que testemunho magnífico! Deus não teve outra reação, a não ser libertá-los. A terra tremeu, e os alicerces da prisão foram abalados. Todas as portas se abriram, e caíram as cadeias de todos (v. 26). O carcereiro despertou do sono e, vendo todas as celas abertas, desesperou-se e fez menção de se matar. “Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos!” (v. 28). A Palavra de Deus era mais importante do que a liberdade deles, por isso ninguém fugiu da prisão. Então o carcereiro os levou para casa, cuidou deles e foi batizado, juntamente com toda a sua família (vs. 29-34). Assim foi o princípio da igreja em Filipos. Por obedecerem ao Espírito, a segunda viagem missionária foi bem-sucedida. Por fim, Paulo e Silas partiram dali. Eles deveriam ir diretamente para Antioquia, onde estava a igreja que os enviou, mas antes passaram por Jerusalém para saudar a igreja (18:22). 


    Ao final da terceira viagem missionária, novamente Paulo quis ir para Jerusalém, mesmo após seus cooperadores terem recomendado que ele não fosse para lá (At 21:4, 12). Também Ágabo, um profeta, revelou-lhe que cadeias o aguardavam em Jerusalém (vs. 10-11). Contudo Paulo prosseguiu, encontrou-se com a igreja e ali viu dezenas de milhares que zelavam pela lei (v. 20). Estes o convenceram a pagar a despesa de quatro pessoas que estavam fazendo voto (vs. 23-26). Aquele que paga a despesa se torna um com o voto, concorda com o seu cumprimento. Assim, os judeus comprovariam que Paulo não era contra o judaísmo. Ele se viu obrigado a concordar com a sugestão que lhe foi oferecida. 


    Se o voto fosse concluído, o ministério neotestamentário, confiado a Paulo, estaria acabado. Soberanamente, quando o voto estava para ser concluído, judeus vindos da Ásia viram Paulo, alvoroçaram o povo e arrastaram-no para fora do templo, procurando matá-lo (At 21:27-30). Deus usou a guarda romana para preservar a vida de Paulo, livrando-o da fúria do povo. Ele foi recolhido à fortaleza e, posteriormente, enviado, sob escolta, para Cesareia (vs. 31-34; 23:23). Lá, Paulo se fortaleceu e pôde declarar que não foi desobediente à visão celestial que havia recebido (26:19). Deus ainda poupou sua vida a fim de usá-lo para registrar a revelação da economia neotestamentária de Deus em epístolas, o que ocorreu quando ele esteve preso em Roma. Ali, Paulo registrou as visões que recebera no terceiro céu. Ele permaneceu preso por dois anos em Cesareia, até que, como cidadão romano, usou seu direito de apelar para César e foi enviado para ser julgado em Roma (25:11).


     Paulo navegou para Roma, como prisioneiro, sob guarda. Todavia, por causa das tribulações que surgiram na viagem, Deus o colocou como autoridade e confiou-lhe a vida daqueles que viajavam com ele; e, mesmo passando por naufrágio, nenhuma vida se perdeu (At 27:21-26, 33-36). Os náufragos foram acolhidos na ilha de Malta, onde várias curas e milagres ocorreram pelas mãos do apóstolo (28:1-10). Os habitantes da ilha supriram suas necessidades e os encaminharam a Roma. Chegando lá, foi permitido a Paulo alugar uma casa, onde recebia todas as pessoas que o procuravam e lhes pregava o evangelho com intrepidez (vs. 16, 23, 30-31). Todos que ali entravam, recebiam ajuda espiritual, pois ouviam a palavra do Senhor Jesus. Até mesmo a guarda pretoriana e os da casa de César ouviram a palavra e creram (Fp 1:13; 4:22). Isso mostra que a estadia de Paulo em Roma foi muito produtiva. Que, assim como o apóstolo, levemos a Palavra a todas as pessoas em todo lugar. 


    Cremos que foi nesse contexto que Paulo encontrou Onésimo e pregou-lhe o evangelho (Fm 10). Este era um escravo, provavelmente fugido de Colossos, por haver defraudado seu senhor, que encontrou o apóstolo em Roma (v. 18). Talvez, Paulo ministrasse algum tipo de treinamento em sua casa, pois vários cooperadores iam até ele. Onésimo se firmou na igreja e passou a cooperar com Paulo. 


    Como Onésimo era de Colossos, Paulo o enviou de volta para a casa de seu senhor, a fim de acertar sua vida pregressa (Fm 11, 15, 20). Ao ler a Epístola a Filemom, percebemos que talvez já tivessem ocorrido tentativas de reconciliação entre Onésimo e Filemom, mas não teriam sido bem-sucedidas. Filemom era presbítero da igreja em Colossos, abastado, e possuía escravos; um deles, Onésimo, que antes lhe tinha sido inútil, havia crido no Senhor, tornando-se útil para Deus, por isso deveria ser recebido como irmão em Cristo (v. 16). Na igreja, nenhum irmão deve sentir-se inútil, pois há espaço para todos servirem a Deus com alegria, entusiasmo e excelência.


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