sábado, 26 de setembro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

Dia: 26/09/2020


PRIMEIRA SEMANA – SÁBADO (Páginas 27 à 31)


Ler com oração:

Ex 19:5  Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal entre todas as nações. Embora toda a terra seja minha,


           Capítulo dois

     A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ


     No capítulo anterior, vimos que as cinco epístolas de Paulo que estamos abordando enfatizam que não podemos desistir das pessoas por causa de filosofias humanas, mas devemos ajudá-las, amando-as e cuidando delas para que cresçam em vida e sejam úteis na igreja e na obra do Senhor até atingir a maturidade.


     O tema deste capítulo é muito importante para a fundamentação de nossa vida cristã. Ao longo dele, discorreremos acerca da experiência de Abraão, que foi justificado pela fé. Uma vez que a justificação pela fé está em oposição à justificação pelas obras da lei, também explanaremos acerca do surgimento da lei e suas nuances ao longo do Antigo Testamento. 


    Em Romanos 3:21-24, lemos: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. No início, o homem desobedeceu a Deus ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. A desobediência fez com que o pecado entrasse no mundo, e, pelo pecado, a morte (5:12). Esse “legado” do velho Adão foi passado a todos os homens, de geração a geração.


     Desse modo, o homem tornou-se injusto diante de Deus por causa da desobediência. Hoje, ele precisa conquistar sua justificação. Os versículos acima mostram que o homem pode ser justificado pela fé em Cristo Jesus. 

 

   A INSTITUIÇÃO DA LEI 


    O homem é justificado pela fé, e não por obras da lei (Rm 3:28). Contudo o homem natural gosta de fazer obras para Deus a fim de sentir-se justificado. Desde a época de Caim, podemos enumerar vários personagens da Bíblia que tentaram servir a Deus de acordo com sua capacidade e vontade. Todavia Ele sempre rejeitou esse tipo de serviço.


     No capítulo 20 de Êxodo, foi instituída a lei. Antes, nos versículos 4 a 6 do capítulo 19, vemos palavras doces e amorosas faladas pelo Senhor ao povo de Israel: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa”. Esses versículos mostram a intenção original de Deus: ter um povo singular em toda a terra, do qual Ele mesmo cuidaria, dando-lhe o suprimento necessário. Ele queria aproximar-se desse povo para fazer dele reino de sacerdotes e nação santa.


     No entanto o povo respondeu: “Tudo o que o Senhor falou faremos” (Êx 19:8). O povo de Israel não conhecia a si mesmo. Eles pensavam que conseguiriam agradar a Deus por meio de sua força e capacidade. Isso desagradou ao Senhor. 


    Como resposta, no capítulo vinte, Deus deu ao povo os Dez Mandamentos, mostrando um pouco de Seus atributos e exigências e expondo a condição caída do homem. Os Dez Mandamentos desenvolveram-se na lei, com seus estatutos e ordenanças (Êx 20—24). Daí em diante, o povo tentava agradar a Deus cumprindo a lei. No entanto sabemos que ninguém, por si mesmo, consegue cumpri-la, pois, se falhar em apenas um item, será reprovado. 


        O  TABERNÁCULO


     No capítulo 25 de Êxodo, Deus pediu a Moisés que construísse o tabernáculo. Mais uma vez, o Senhor demonstrou Sua intenção de estar perto do homem, conforme lemos: “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles” (Êx 25:8). 

    O primeiro móvel que encontramos no tabernáculo é o altar do holocausto (27:1-8), que ficava no átrio (vs. 9-19). O fogo do altar vinha de Deus (Lv 9:24) e ardia continuamente, sem se apagar (6:13). 


    Depois, temos a bacia de bronze. Esta ficava entre a tenda da congregação e o altar do holocausto, e era utilizada por Arão e seus filhos para lavar as mãos e os pés (Êx 30:17-21). O bronze, na Bíblia, tipifica o juízo. Hoje, na igreja, passamos pelo juízo de Deus (1 Pe 4:17), e, no Dia do Senhor, todos seremos julgados por Ele (2 Co 5:10). 


    Após passar pela bacia de bronze, o sacerdote adentrava o interior do tabernáculo, o Santo Lugar. Para entrar, o sacerdote passava por cinco colunas. De acordo com a Segunda Epístola aos Coríntios, podemos dizer que essas colunas representam os embaixadores de Cristo, aos quais Deus concedeu o ministério da reconciliação (5:18-20). Hoje nós somos esses embaixadores de Cristo, chamando as pessoas que estão no “átrio” para entrar no “Santo Lugar” e ter uma experiência real do tabernáculo; isto é, reconciliamos as pessoas com Deus.


     Ao entrar no Santo Lugar, do lado direito, estava a mesa da proposição (Êx 25:23-30). Sobre essa mesa ficavam expostos os pães e as taças de vinho para libação. Ela representa nossas reuniões, ou seja, o momento em que nos alimentamos da Palavra de Deus. Sempre há suprimento em nossas reuniões. Do lado oposto da mesa estava o candelabro (vs. 31-40). Sua luz nunca se apagava (Lv 24:4). Através do candelabro recebemos a luz de Deus. No meio do Santo Lugar, ficava o altar de incenso (Êx 30:1-10), que representa nossas orações (Ap 5:8). Oramos ao Senhor, e essa oração sobe para Deus como aroma agradável. Ele, então, move Seu braço e atende a oração da igreja. 


    Avançando, vemos o limite entre o Santo Lugar e o Santo dos Santos. Ali existiam quatro colunas, que representam os apóstolos que estão diante da arca do Testemunho, contemplando a glória de Deus (Gl 2:9). No átrio havia a luz natural do sol e da lua. No Santo Lugar havia a luz artificial do candelabro. Todavia, no Santo dos Santos, não havia luz natural nem artificial; era a glória de Deus que enchia e iluminava aquele local por completo (Êx 40:34-35). O véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos foi rasgado em duas partes, de alto a baixo, com a morte do Senhor Jesus (Mt 27:45-51). O véu ter sido rasgado de alto a baixo mostra algo feito por Deus. Isso significa que Ele aprovou a morte de Cristo. Hoje, não precisamos pedir licença ou obter uma autorização por escrito para entrar na presença do Senhor. E não há horário, mas a qualquer momento podemos ter comunhão com Ele (Hb 10:19-20).


     A arca do Testemunho e seu conteúdo 

    O tabernáculo foi construído segundo o modelo que Deus mostrou para Moisés no deserto (Êx 25:9). Nessa época, o véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos estava pendurado nessas quatro colunas, obstruindo a entrada para o Santo dos Santos. As colunas formavam três entradas, que representam o Deus Triúno – o Pai, o Filho e o Espírito. Quando o Senhor Jesus morreu, o véu do meio foi rasgado. Esse véu representa o Filho, que foi partido por nós na cruz. 


    No Santo dos Santos havia a arca do Testemunho (vs. 10-15), que tinha dois côvados e meio de comprimento e um côvado e meio de largura. Ela era feita de madeira de acácia, coberta e revestida de ouro puro por dentro e por fora, representando o mesclar da divindade (ouro) com a humanidade (madeira). O Santo dos Santos é o lugar onde o homem pode encontrar-se com Deus para contemplar Sua glória e ser transformado por ela (2 Co 3:18).


     Dentro da arca havia as tábuas da lei, a vara de Arão que floresceu, e uma urna de ouro contendo o maná (Hb 9:4). Sobre a arca ficava uma tampa, chamada de propiciatório (Êx 25:16-22), com as mesmas medidas da arca. Nela, havia dois querubins talhados, um em cada ponta.


     Ninguém, com exceção de Moisés, tinha livre acesso ao Santo dos Santos. O sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no dia da expiação (Lv 23:27), levando o sangue de touros e bodes para aspergir sobre o propiciatório e fazer a expiação pelos seus pecados e pelos pecados do povo (Lv 16:1-28). Nossos pecados fazem separação entre nós e Deus (Is 59:1-2), e, por causa do pecado, fomos destituídos da glória de Deus (Rm 3:23).


    Dentro da arca da Aliança, debaixo do propiciatório, havia as tábuas da lei, condenando-nos e expondo nossa fraqueza em virtude do pecado. Acima do propiciatório havia os querubins, que representam a glória de Deus (Hb 9:5), indicando que, por causa do pecado, permanecemos carentes da glória de Deus. Nessa tampa, no propiciatório, o sangue dos animais era aspergido para a expiação dos pecados. Era ali que Deus se encontrava com Moisés (Êx 25:22).