LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA
DIA: 16/10/2020
QUARTA SEMANA – SEXTA-FEIRA (Páginas 98 à 102)
Ler com oração:
Jo 14:20 Naquele dia, compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês.
A RESSURREIÇÃO NOS INTRODUZIU NA UNIDADE DO DEUS TRIÚNO
Quando andava com Seus discípulos, o Senhor predisse Sua morte e Sua ressurreição três vezes, conforme registrado nos três primeiros evangelhos: no Evangelho de Mateus (16:21; 17:23; 20:19); no Evangelho de Marcos (8:31; 9:31; 10:34); e no Evangelho de Lucas (9:22; 18:33; 24:7).
A predição da morte e ressurreição do Senhor no Evangelho de João foi um pouco diferente. No capítulo 14, lemos: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou” (vs. 2-4). Depois de ouvir essas palavras, Tomé perguntou: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” (v. 5). Se estivéssemos no lugar dele, provavelmente, acrescentaríamos: Que lugar é esse? Que caminho devemos tomar para chegar lá? Então o Senhor prosseguiu: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (v. 6). Nessas palavras do Senhor temos uma importante dica: o lugar é o Pai, e o caminho para alcançá-Lo é o Filho.
De acordo com esses versículos, o “ir” do Senhor diz respeito à Sua morte, e o “voltar”, à Sua ressurreição como Espírito. Para melhor esclarecimento, prestemos atenção aos versículos 16 e 17: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14). Quando o Senhor falou essas palavras, o Espírito ainda não tinha sido dado, porque Ele ainda vivia na terra. Era necessário Cristo ser crucificado, morrer, ressuscitar e ser glorificado para que o Espírito viesse a nós. Hoje, porém, como Cristo já passou por tudo isso, podemos ler esse versículo da seguinte forma: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e está em vós”. O Espírito da verdade ou da realidade já está em nós, que cremos. Por meio Dele, podemos viver a realidade do reino dos céus.
Outra importante questão é que, para se referir ao Pai, o Senhor usou a terceira pessoa do singular: “Ele vos dará outro Consolador”, mas, de repente, mudou para a primeira pessoa ao afirmar: “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (Jo 14:18). Desse modo, podemos entender que o Espírito da verdade não nos deixará órfãos. Isso prova que o Senhor rogou ao Pai para que enviasse outro Consolador, o qual é o Espírito da verdade, que é o próprio Cristo.
Tomando como base a conclusão acima, podemos entender melhor o versículo 20: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (Jo 14). O Senhor está no Pai, o Pai está no Senhor, o Senhor está em nós, e nós estamos no Senhor. Em outras palavras, nós estamos no Pai e no Filho. Isso é maravilhoso!
A fim de que façamos parte do Deus Triúno, o Senhor nos santifica. Leiamos: “A favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade” (Jo 17:19). Segundo esse versículo, de um lado, os discípulos foram incluídos na oração do Senhor; de outro, nós também fomos incluídos em Sua oração, conforme lemos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (v. 20). Você e eu fomos incluídos na oração do Senhor porque viemos a crer Nele, por intermédio de Sua palavra.
Prosseguindo, no versículo 21, lemos: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17). Não tínhamos nada a ver com o Pai. Agora, o Pai é um com o Filho e o Filho é um com o Pai, para que também sejamos um com o Pai e com o Filho.
Para que essa unidade entre nós e o Deus Triúno seja real, precisamos de aperfeiçoamento. O versículo 23 diz: “Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (Jo 17). Estamos sendo aperfeiçoados nessa unidade.
Ela não é exterior. Não se trata de um mero acordo de trégua. A unidade aqui é entre o Pai, o Filho e nós.
Por saber de nossas limitações, o Senhor colocou-nos na vida da igreja para sermos aperfeiçoados. Imagine se o Senhor entregasse tudo para nós, todas as Suas riquezas de uma única vez! Não iríamos aguentar, iríamos explodir. Por isso o Senhor nos colocou na vida da igreja, para sermos aperfeiçoados na unidade.
Prestemos atenção ao final do versículo 23: “Para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim”. Esse versículo termina falando do amor. A base da vida da igreja é o amor. Não foi à toa que o apóstolo Paulo usou um capítulo inteiro de sua primeira carta aos coríntios para falar sobre o amor (1 Co 13). O amor é a essência dos dons. Tudo passará, menos o amor. Esse é o amor de Deus.
A RESSURREIÇÃO – O ARREBATAMENTO DO FILHO VARÃO
Vamos meditar um pouco mais no versículo 23 de 1 Coríntios 15. Nessa porção vemos que Cristo, as primícias, foi o primeiro a ressuscitar. Mas o versículo prossegue mostrando que os que “são de Cristo” também ressuscitarão. Vejamos esse assunto à luz da Primeira Epístola de Paulo aos Tessalonicenses: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (4:16-18). Pelo fato de Cristo ter sido o primeiro a ressuscitar, temos a realidade da ressurreição em nós e devemos viver segundo essa realidade. Ademais, acende em nós a esperança de que, um dia, ressuscitaremos fisicamente.
Geralmente, essas palavras da epístola aos tessalonicenses são usadas em funerais, a fim de consolar as famílias e amigos da pessoa que faleceu. Contudo, nessa porção, ainda há algo mais que devemos considerar: quando formos arrebatados entre as nuvens para o encontro do Senhor nos ares, todos nós seremos julgados no tribunal de Cristo (2 Co 5:10). Nessa ocasião, o Senhor determinará quem serão os vencedores. No entanto, se temos desfrutado da realidade do reino dos céus na vida da igreja, temos grande chance de fazer parte dos vencedores coletivos.
Sobre os vencedores coletivos, convém compreendermos o que foi registrado em Apocalipse 12. Esse capítulo descreve uma mulher que está sofrendo dores de parto, que representa a igreja no aspecto universal, compreendendo todos os filhos de Deus. Depois, vemos um grande dragão vermelho, que representa Satanás, o diabo, a antiga serpente, e sua cauda arrasta a terça parte das estrelas, representando a terça parte dos anjos que se rebelaram contra Deus por influência de Lúcifer. E, por fim, o filho varão, a quem esse dragão deseja devorar, que representa os vencedores (vs. 1-4, 9).
No versículo 5 de Apocalipse 12, lemos: “Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono”. Note que o filho varão não foi arrebatado para os ares, mas diretamente para o trono de Deus. Ou seja, esses vencedores serão julgados enquanto vivem na terra e servem na casa de Deus (1 Pe 4:17). Quando chegar o grande Dia, eles pegarão uma linha direta, um voo direto, sem escalas, até alcançar o terceiro céu, onde está o trono de Deus.
Quando vejo esse cenário, fico entusiasmado, pois é muito possível que isso aconteça ainda nesta era, na nossa geração. Que façamos parte desse vencedor coletivo, corporativo! Não nos preocupemos apenas com nós mesmos. Hoje, a chance de sermos arrebatados vivos, com um grupo de irmãos, é muito maior do que no tempo do apóstolo Paulo. Busquemos esse caminho! Assim como o Senhor, não queremos que ninguém se perca. Se for preciso, carregaremos uns aos outros para que todos façam parte desse filho varão. Aleluia!
OS RESSUSCITADOS PARA O TRONO BRANCO
Além da ressurreição dos filhos de Deus, haverá a ressurreição dos incrédulos mortos, a fim de serem julgados. Leiamos: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. [...] Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras” (Ap 20:5, 11-13). De acordo com esses versículos, quem não participou da primeira ressurreição (v. 5) será ressuscitado para o juízo (v. 13). Desse modo, o trono branco está relacionado com o julgamento dos mortos que não creram no Senhor. Estes não farão parte da primeira ressurreição.
Querido leitor, tenho uma grande notícia para você, e muito positiva por sinal: nós não faremos parte dessa ressurreição para o juízo. Ela é destinada às pessoas que não creram em Jesus ou não quiseram aceitar a pregação do evangelho quando lhe foi dada a oportunidade. Você e eu participaremos da ressurreição para a recompensa (Lc 14:14).