sexta-feira, 9 de outubro de 2020

LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA LAVOURA DE DEUS E EDIFÍCIO DE DEUS

 LIVRO: O CORAÇÃO DA BÍBLIA

DIA: 09/10/2020


TERCEIRA SEMANA – SEXTA-FEIRA (Páginas 73 à 76)


Ler com oração:

Jo 6:27  Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem dará a vocês. Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação".


      Capítulo cinco 

LAVOURA DE DEUS E EDIFÍCIO DE DEUS 


    No capítulo anterior, vimos que o livro de Romanos foi colocado antes das epístolas de Primeira e Segunda Coríntios, segundo o arranjo divino. Além disso, tivemos uma visão panorâmica da Epístola de Paulo aos Romanos, mostrando que, para lidar com os problemas da igreja, precisamos, antes, da salvação completa de Deus, que é a solução para todos os problemas. 


    Neste capítulo, falaremos sobre a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, dando ênfase ao capítulo três. Esse capítulo mostra que nosso desfrute de Cristo resulta na igreja como lavoura e edifício de Deus. Nada traz tantos benefícios espirituais para os cristãos do que desfrutar de Cristo. Ele é a bebida e a comida que todos os cristãos precisam desfrutar. O resultado disso é a edificação da igreja (Jo 7:37-38, 6:48, 57)

    Na igreja em Corinto, conforme a primeira carta de Paulo destinada a ela, percebemos a carência do real desfrute de Cristo. O coração dos irmãos não estava focado na obra do Cristo crucificado, mas na filosofia e na sabedoria humana que eram produzidas pelo mundo (1 Co 1:18-25). Diante disso, o apóstolo mostra que Cristo e a cruz são a solução única para todos os problemas enfrentados por essa igreja. A vitória dos cristãos sobre seus problemas não é fixar os olhos na sabedoria do mundo, mas mergulhar o coração em Cristo, que é poderoso para solucioná-los. 


PREFERÊNCIA  E  DIVISÃO  – 

OS PRINCIPAIS  PROBLEMAS DA IGREJA


     Em 1 Coríntios 1:4-7, lemos: “Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo”. Nesses versículos, o apóstolo Paulo mostra que a igreja em Corinto não era pobre, e sim rica em toda a palavra e conhecimento. 


    Em uma igreja tão rica em palavra e conhecimento não deveria haver preferências e divisão. Para isso, Paulo exorta-os a voltar à genuína unidade, conforme está escrito: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1 Co 1:10-12). Mesmo entre aqueles que causavam divisão, alguns “preferiam” a Cristo; porém Paulo os colocou na mesma medida dos que tinham preferência por ele mesmo, por Apolo e por Cefas. Que sabedoria Paulo teve ao lidar com o “câncer” da preferência. Os irmãos que preferiam somente a Cristo pareciam ser mais “espirituais” que os outros. Paulo, porém, pelo discernimento do Espírito, viu que todas essas preferências, mesmo a mais “espiritual”, não produziam a mesma disposição mental e o mesmo parecer. Todavia as contendas, as preferências e a divisão faziam parte do viver da igreja em Corinto. Por isso Paulo os chamou de carnais, de crianças em Cristo (1 Co 3:1-2). 


    Já aprendemos uma grande lição neste início. O conhecimento na forma de filosofias, ideias e palavras motivacionais não será capaz de fechar as brechas das preferências e das divisões na igreja. Mais cedo ou mais tarde, a igreja que vive nessa esfera certamente sofrerá com divisões entre os irmãos. A falta de experiência com o Cristo crucificado é o grande fator que nos leva a viver nessa esfera que danifica a igreja de Deus. 


OS JUDEUS PEDEM SINAIS E OS GREGOS BUSCAM SABEDORIA

  


     Continuando, em 1 Coríntios 1:22, Paulo revela que, além das preferências e das divisões, na igreja em Corinto havia dois grupos distintos. Leiamos: “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria”. Os judeus pediam sinais e os gregos buscavam sabedoria. O povo judeu, desde o Antigo Testamento, provou as promessas de Deus por meio de sinais. Deus fazia grandes milagres para os filhos de Israel. Ao desfrutarmos dos livros de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, fica evidente que, em toda a história de Israel, o povo judeu foi dependente de milagres feitos por Deus. Assim, os judeus, mesmo vivendo na era do Novo Testamento, estão acostumados com milagres e sinais (Mt 16:1-4). 


    Os gregos buscavam sabedoria. Em Atos 17:16-18, vemos como a cidade de Corinto foi influenciada pela sabedoria humana caída. Leiamos: “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade. Por isso, dissertava na sinagoga entre os judeus e os gentios piedosos; também na praça, todos os dias, entre os que se encontravam ali. E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição”. Na época de Paulo, os epicureus e os estoicos referiam-se a duas correntes filosóficas atuantes nas praças das principais cidades gregas, nesse caso, Atenas. Os epicureus não acreditavam na ressurreição e convenciam as pessoas de que deveriam aproveitar a vida, fazendo o que bem quisessem e atendendo a todos os caprichos, pois nada haveria após a morte; enquanto os estoicos ensinavam que o comportamento das pessoas era o melhor indício para um bom modo de vida, e suas crenças estavam enraizadas na natureza. Ambas as filosofias evidenciavam que, naquela época, era comum os gregos apreciarem esse tipo de sabedoria humana. Paulo foi chamado de tagarela, pois seu espírito se revoltou ao ver a idolatria reinante naquela cidade. Ele passou a pregar o evangelho em todos os lugares, seja em sinagogas ou em praças. 

    O versículo 19 continua: “Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas?” (At 17). 


Areópago era um lugar aonde os gregos, sedentos por sabedoria humana, iam para ouvir as últimas novidades (v. 21). A filosofia humana reinava naquele lugar e influenciava todo o mundo grego da época, que incluía a cidade de Corinto. Paulo, entretanto, não aceitava tal condição e os chamou de idólatras. Ele pregava a palavra de Deus todos os dias a todos que encontrava. 


    Na Epístola aos Filipenses, há uma advertência para quem busca a sabedoria deste século. Assim diz: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3:18-19).


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